Festival de Almada: mais de 20 espetáculos em duas semanas

De 4 a 18 de julho, o teatro toma conta de vários espaços em Almada e Lisboa. Genet, Camus e Pippo Delbono são alguns dos autores em destaque.

Maria João Caetano, in Diário de Notícias, 04 jul 2018 notícia online

O festival abre, como é habitual, com o espetáculo de honra, votado pelo público do ano anterior. Ou seja: Bigre (Apre, em português), um melodrama burlesco encenado por Pierre Guillois. Depois, de 4 a 18 de julho, o Festival de Teatro de Almada traz-nos 24 produções distintas, entre teatro, dança, música e espetáculos de rua, que se espalham pelos duas margens do Tejo. O diretor artístico, Rodrigo Francisco, afirma que a programaçãoda 35ª edição do festival foi “irremediavelmente afetada” pelo corte de financiamento da DG-Artes, mas fiquem descansados os habituais espectadores: há muito por onde escolher.

A programação completa pode ser consultada no site oficial do festival. Deixamos aqui 8 sugetões para estas duas semanas de intensa programação:

1- Nada de Mim, de Arne Lygre
Teatro da Politécnica, Lisboa, de 4 a 21 de julho

Um homem e uma mulher falam de como se conheceram num bar. Ele observa-a há algum tempo. Ela acabou de deixar o marido. Pensaram amar-se para sempre, mas as coisas nem sempre acontecem como nós imaginámos. Nada de Mim é uma peça íntima e poética do norueguês Arne Lygre, aqui encenada por Pedro Jordão. No palco, além de Pedro Caeiro e Carla Bolito, estão Elisabete Pinto e Tiago Matias. Produção dos Artistas Unidos.

2 – Colónia Penal, de Jean Genet
Teatro do Bairro Alto, Lisboa, de 5 a 17 de julho

Peça inacabada do francês Jean Genet (1910-1986) na qual o autor de Os Negrosreconstitui a sua própria experiência prisional. A colónia penal, o degredo, consiste num espaço idealizado no qual a morte, ou a sua aproximação, se torna um tema iminente, a todos unindo e igualando. Nesta produção da Ar de Filmes/ Teatro do Bairro Alto, o encenador António Pires trabalha em colaboração com o cineasta João Botelho que realizou um Quadro das Vítimas para o espetáculo.

3- Kalakuta Republik, de Serge Aimé Coulibaly
Palco Grande, Escola D. António Costa, Almada, 6 de julho

Natural do Burkina Faso, o coreógrafo Aimé Coulibaly trabalha na Europa desde 2002 e tem a sua própria companhia, o Faso Danse Théâtre, na qual trabalha recorrentemente temas ligados a África. Kalakuta Republik foi o nome com o que o compositor Fela Kuti baptizou a sua casa. E é na vida e na obra deste músico ativista e ativista nigeriano que Coulibaly se inspira para criar este espetáculo.

4 – Isabella’s Room, de Jan Lauwers
Palco Grande, Escola D. António Costa, Almada, 8 de julho

O quarto de Isabella é uma “tragicomédia musical” que estreou em 2004 no Festival d’Avignon tendo como protagonista a atriz Viviane De Muynck e que conta a história de uma mulher que atravessou todo o século XX, com as suas convulsões políticas e sociais.

5 – Carmen, de Diogo Infante
Teatro da Trindade, Lisboa, de 12 a 15 de julho

A partir de Vozes dentro de mim, livro autobiográfico da atriz Carmen Dolores, Diogo Infante construiu um espetáculo com as memórias e as histórias de uma carreira teatral de quase 70 anos. A interpretação é de Natália Luiza.

6- La Gioia, de Pippo Delbono
Palco Grande, Escola D. António da Costa, 12 de julho

Pippo Delbono regressa ao Festival de Almada, depois de Orquídeas Evangelho, desta vez com A Alegria, um espetáculo onde junta, como sempre, as suas memórias pessoais com reflexões sobre o mundo em que vivemos e a convocação de um certo estado de loucura que todos nós temos.

7 – L’État de Siège, de Albert Camus
Teatro São Luiz, Lisboa, 14 e 15 de julho

A ideia para esta peça surgiu ao encenador Emmnanuel Demarcy-Mota depois dos atentados de Paris, em novembro de 2015, que colocaram a cidade numa situação de medo que levou, inclusivamente, ao encerramento dos teatros. Foi buscar o texto de Camus, uma fábula política que fala do terror e da importância da resistência. Mesmo perante um Estado de Sítio.

8 – Dr. Nest, de Familie Flöz
Palco Grande, Escola D. António Costa, Almada, 16 de julho

A Familie Flöz é uma companhia alemã que trabalha com a técnica de clown e com a máscara. Em Dr. Nest leva-nos para dentro de um hospital psiquiátrico para nos pôr a questionar o que é a loucura e o que é a normalidade.

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