“Calvário” traz ao palco de Almada uma reflexão sobre o teatro na sociedade atual

Depois das apresentações no Festival de Almada, nova criação de Rodrigo Francisco regressa ao palco para repensar o papel do teatro na sociedade atual.

Mariana Vaz de Almeida in Almadense 27 Setembro 2023 | notícia online

De 29 de setembro a 15 de outubro, a sala experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite volta a acolher “Calvário”, peça do diretor artístico da Companhia de Teatro de Almada (CTA), Rodrigo Francisco. Exploram-se as crises, aspirações e desavenças daqueles que fazem um teatro – desde os atores reconhecidos aos que têm de acomodar todas as suas manias.

 

Nesta produção do “teatro dentro do teatro”, uma companhia está a montar a mais célebre peça de Thomas Bernhard, “Minetti”, mas o ator contratado para o papel do protagonista “não foi uma primeira escolha, nem a segunda, nem a terceira”, como se pode ler na página da CTA.  Com um espírito provocador, este espetáculo, que já foi apresentado no último Festival de Almada, leva o público a refletir sobre o cânone e a sua atualidade, pensando a forma como se (re)criam os grandes clássicos. Com Luís Vicente no papel de aspirante a rei Lear, o elenco conta ainda com Carlos Pereira, João Cabral, João Farraia, Pedro Walter, Teresa Mónica e Maria Velez Araújo.

 

“O encenador deste «Minetti» parece não ter grande interesse pela peça; os restantes atores do elenco não estão satisfeitos com os papéis que lhes foram atribuídos; o assistente pessoal do velho ator defende o seu «mestre» empedernidamente; o assistente de encenação indigna-se com a «toxicidade» de determinadas tiradas do texto; e uma intérprete de língua gestual vai assistindo, perplexa, ao que ameaça vir a tornar-se num grande naufrágio coletivo. Ou num calvário, melhor dizendo, que é como os atores antigos chamavam às falas de que se esqueciam repetidamente nos ensaios – e não só”, pode ler-se na folha de sala.

A criação do dramaturgo, encenador e diretor artístico da CTA está em cena na sala experiemental de quinta-feira a sábado, às 21h, e às quarta-feiras e domingos pelas 16h. A entrada tem o valor de 13 euros e pode ser adquirida aqui.

 

“Conversas com o Público” sobre a loucura

Com a abertura da nova época, regressam também as “Conversas com o Público”, sessões de entrada livre em que se parte do teatro para refletir sobre o mundo. Nos sábados de 30 de setembro a 14 de outubro, pelas 18h, o tema será “A loucura vista e sentida de perto”. Entre os participantes destacam-se Manuel Seabra, ator e encenador, o psicólogo e encenador António Gonzalez e a atriz Maria Rueff. A moderação será assegurada pelo psicólogo José Henrique Ornelas.

“A loucura tem suscitado grande interesse, uma vez que proporciona a liberdade de ser, pensar e agir para além das convenções de cada época ou circunstância”, pode ler-se no programa. “A loucura consiste na mais solitária das experiências humanas e, paradoxalmente, na mais social das designadas doenças”, na medida em que permite ao louco uma liberdade de pensar e dizer que vai para além das convenções sociais, elevando a sua voz inclusive “em tempos de Inquisição, despotismo ou ditadura”.

 

Para participar nas “Conversas”, basta aparecer no foyer do Teatro Municipal um pouco antes das 18h nos dias 30 de setembro e 7 e 14 de outubro.

 

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