“Calvário” traz ao palco de Almada uma reflexão sobre o teatro na sociedade atual
Depois das apresentações no Festival de Almada, nova criação de Rodrigo Francisco regressa ao palco para repensar o papel do teatro na sociedade atual.
Mariana Vaz de Almeida in Almadense 27 Setembro 2023 | notícia online
De 29 de setembro a 15 de outubro, a sala experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite volta a acolher “Calvário”, peça do diretor artístico da Companhia de Teatro de Almada (CTA), Rodrigo Francisco. Exploram-se as crises, aspirações e desavenças daqueles que fazem um teatro – desde os atores reconhecidos aos que têm de acomodar todas as suas manias.
“O encenador deste «Minetti» parece não ter grande interesse pela peça; os restantes atores do elenco não estão satisfeitos com os papéis que lhes foram atribuídos; o assistente pessoal do velho ator defende o seu «mestre» empedernidamente; o assistente de encenação indigna-se com a «toxicidade» de determinadas tiradas do texto; e uma intérprete de língua gestual vai assistindo, perplexa, ao que ameaça vir a tornar-se num grande naufrágio coletivo. Ou num calvário, melhor dizendo, que é como os atores antigos chamavam às falas de que se esqueciam repetidamente nos ensaios – e não só”, pode ler-se na folha de sala.
A criação do dramaturgo, encenador e diretor artístico da CTA está em cena na sala experiemental de quinta-feira a sábado, às 21h, e às quarta-feiras e domingos pelas 16h. A entrada tem o valor de 13 euros e pode ser adquirida aqui.
“Conversas com o Público” sobre a loucura
Com a abertura da nova época, regressam também as “Conversas com o Público”, sessões de entrada livre em que se parte do teatro para refletir sobre o mundo. Nos sábados de 30 de setembro a 14 de outubro, pelas 18h, o tema será “A loucura vista e sentida de perto”. Entre os participantes destacam-se Manuel Seabra, ator e encenador, o psicólogo e encenador António Gonzalez e a atriz Maria Rueff. A moderação será assegurada pelo psicólogo José Henrique Ornelas.
“A loucura tem suscitado grande interesse, uma vez que proporciona a liberdade de ser, pensar e agir para além das convenções de cada época ou circunstância”, pode ler-se no programa. “A loucura consiste na mais solitária das experiências humanas e, paradoxalmente, na mais social das designadas doenças”, na medida em que permite ao louco uma liberdade de pensar e dizer que vai para além das convenções sociais, elevando a sua voz inclusive “em tempos de Inquisição, despotismo ou ditadura”.