Linguagem é poder

No próximo sábado, dia 29, às 18h, no foyer do TMJB, a Conversa com o Público, última desta série, terá como convidados o professor António Fernando Cascais e a socióloga Isabel Freire, que vão debater o tema Sexualidades na transição para a democracia.

A Conversa do último sábado dedicada ao tema Sobre linguagem inclusiva, teve como oradores o escritor e linguista Manuel Monteiro e a cineasta e escritora Raquel Freire. A jornalista Cristina Margato moderou a Conversa.

Raquel Feire na sua primeira intervenção declarou: “O movimento em que me inscrevo começa no século XIX contra a supremacia do homem branco. A minha busca é sempre contra formas de opressão. Para haver uma sociedade democrática e inclusiva a linguagem tem de o ser.”

Manuel Monteiro por seu lado disse: “Há questões da linguagem inclusiva com que eu concordo, outras com que não concordo, e outras que acho caricatas.” Exemplificou: “Desconheço os estudos que comprovem que as pessoas prefiram ser chamadas de idosas ou seniores em vez de velhos. Está para nascer o índio que prefira que lhe chamem nativo americano. Há associações de cegos que rejeitam o termo invisuais”. Entre muitos outros exemplos concluiu: “Os termos não vêm de baixo para cima, vêm de cima para baixo, das academias por exemplo. Há uma diferença entre propor e impor.”

Raquel Freire continuou: “A linguagem é poder, uma sociedade melhor tem de incluir todo o tipo de pessoas”.

Sobre a questão linguística do género, muito em debate na sociedade actualmente, Manuel Monteiro questionou: “Conhecem algum estudo que indique que os países com género neutro dão mais direitos às mulheres? Na Turquia em que a língua usa o género neutro não existem mais direitos das mulheres”.

Muitas outras questões e considerações sobre este tema foram colocadas pelos dois convidados, e também pelo público. A Conversa foi bastante animada, participada e controversa revelando a divisão da sociedade sobre este tema.

No próximo sábado fechamos este ciclo de Conversas com o público dedicado ao tema Eu não sou quem sou, a propósito do espectáculo Noite de reis, em cena no TMJB até dia 30 de Outubro.

Consulte aqui o programa completo deste ciclo de Conversas com o Público.

António Fernando Cascais é professor da Universidade Nova de Lisboa e autor de Mediações da ciência (2019). Organizou os seguintes livros: O vírus-cinema: cinema queer e VIH/SIDA (2018), Hospital Miguel Bombarda 1968 – Fotografias de José Fontes (2016), Queer Film and Culture (2014), Olhares sobre a cultura visual da medicina em Portugal (2014), Indisciplinar a teoria (2004). Tem trabalhado nas áreas da Mediação dos Saberes, da Bioética, da História da Psiquiatria, da Cultura Visual da Medicina, dos estudos foucauldianos e dos estudos Queer e de Género, com cerca de três centenas de publicações em revistas científicas e livros colectivos, nacionais e internacionais.

Isabel Freire é doutorada em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e licenciada em Filosofia pela NOVA FCSH. É autora dos livros Sexualidades, Media e Revolução dos Cravos (2020), Amor e Sexo no Tempo de Salazar (2010), e Fantasias Eróticas – Segredos das Mulheres Portuguesas (2007). É co-autora e jornalista do documentário Enxoval (Prémio Melhor Filme Português sobre Arte 2013, Festival Temps d’Images).

 

in CTA 25 Out 2022

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