YERMA

de Federico García Lorca | encenação de João Garcia Miguel

11 a 13 OUTUBRO, 2013 | SALA EXPERIMENTAL

Yerma, um projecto de teatro performativo com direcção e encenação de João Garcia Miguel a partir da reescrita do poema dramático homónimo, datado de 1934, de Federico García Lorca, onde o tema específico da esterilidade de um casal é descrito segundo uma perspectiva feminina – expondo um ambiente de mistério e poesia próprio da cultura da Europa do Sul.

Yerma é nome de uma mulher casada que deseja ter um filho como todas as outras mulheres à sua volta. Descobre que o marido não lhe consegue dar esse filho que deseja; desespera, não se resigna e resiste à ideia de ficar prisioneira de uma esterilidade da qual não se considera culpada e trilha o caminho que a levará à sua tragédia pessoal.

Há algo de demiúrgico na acção de Yerma, que toma nas mãos o futuro e faz-se protagonista do seu destino. À semelhança de Antígona, Yerma é inflexível, e tal como Medeia, mata o seu próprio filho. Estas mulheres agem a partir dos sentidos que emanam dos seus universos interiores, que servem de base à construção do seu mundo pessoal. Yerma é o reflexo e sinónimo de falência dos argumentos racionais e das palavras. O que não consegue construir com as palavras concretiza com as suas próprias mãos através do sacrifício do corpo.

Nesta obra, Federico Garcia Lorca mostra-nos a dor e o poder da impotência em múltiplas dimensões: a impotência das regras estabelecidas perante o espírito e a vontade individual, a impotência dos laços sociais perante a animalidade e as forças que se ocultam no nosso corpo, a impotência das palavras e dos acordos de convivência humanos que resultam invariavelmente em violência e rupturas profundas; e também o seu reverso: a impotência do indivíduo perante as forças da lei e da moral. É para lá das fronteiras da impotência, num território desconhecido, que se gera a violência onde se movem forças livres em oposição. Os universos interiores de Yerma e Juan, o seu marido, parecem destinados a destruírem-se, como uma alegoria do fim das coisas. O seu desentendimento descobre tensões entre o marido e o amante, entre o pai, a mãe e o filho, entre a mãe e a mulher casada, tensões interiores que precipitam o fim das suas vidas, cujo sentido maior se perdeu. Essa alegoria do fim das coisas é um jogo de morte, onde esta surge como um gesto de defesa, contra a fatalidade, contra a impossibilidade de concretizar sonhos.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Direcção e Encenação João Garcia Miguel
Actores (1ª fase de criação) Miguel Borges, Sara Ribeiro e Rachel Ceysson
Actores (2ª fase de criação) Miguel Borges, Sara Ribeiro
Músico Lula’s
Vídeo (1ª fase de criação) Antoine Aubin
Vídeo (2ª fase de criação) Miguel Lopes
Figurinos Miguel Moreira
Apoio ao movimento de Sara Ribeiro Eliana Campos
Direcção técnica e desenho de som Tiago Gomes
Assistência técnica Luís Ferreira e José Manuel Arsénio
Produção Raquel Matos
Agenciamento Esther Melo
Assistente estagiária Laura Gonçalo
Imagem Jorge Reis
Participação especial Manuela Gomez Plaza

SALA EXPERIMENTAL | 11 a 13 OUTUBRO
TEATRO | Duração: 1H30 | M/12
Companhia João Garcia Miguel / Co-produção: Marselha Provence 2013 Capital da Cultura, H.A.S., Théâtre des Bernardines, Centro Cultural Vila Flor e Teatro-Cine de Torres Vedras

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