VAMOS FAZER UMA ÓPERA

de BENJAMIN BRITTEN / ERIC CROZIER | encenação de Paulo MATOS

OUTUBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL

Um Divertimento para Gente Miúda, op 45
Benjamin Britten / Eric Crozier

Vamos, de novo, Fazer Uma Ópera
Let’s make an opera, na concepção original de Benjamin Britten e Eric Crozier nasceu da vontade de criar uma ópera para e feita por crianças. Os protagonistas do espectáculo são crianças, quer as que desempenham os papéis da história do limpa-chaminés quer as que cantam na plateia as canções emblemáticas da ópera e que, supostamente, participaram activamente na sua criação e construção.
É este o principal desafio: o público, maioritariamente constituído por jovens, deverá sentir não só que está a assistir a todo o processo de produção de um espectáculo de ópera, desde a sua criação, ao seu planeamento, ensaios, construção, etc, mas também que faz parte dele como personagem colectivo na forma de coro.
Quando há 16 anos atrás realizei a primeira montagem desta obra no Teatro S. Luiz no âmbito da Lisboa/94, a minha primeira opção de fundo, que mantenho para esta remontagem, foi a de colocar todo esse processo – de produção de um projecto com e por crianças – dentro de uma escola. Pareceu-me então, como hoje ainda, que é dentro de uma escola, nas suas dimensões de aprendizagem, crescimento, confronto e vivências, que os jovens se constroem e, numa primeira fase, se relacionam com os universos culturais. Por isso me pareceu e parece que faz todo o sentido que este Vamos Fazer Uma Ópera seja uma decisão de projecto colectivo dentro de uma escola imaginária que construiremos no Grande Auditório da FCG.
O desafio agora, tantos anos e tantos projectos depois – obrigado Catarina por tanto percurso partilhado – será o de saber sentir e recriar tudo o que mudou nos jovens e nas escolas desde então. Encontrando, uma nova linguagem, um renovado universo de relacionamentos e, até, uma redobrada competência como resultado de uma crescente maturidade.
Vamos, de novo, fazer uma ópera!
Paulo Matos

Imprensa

Paulo Matos é um artista polivalente. Só em ópera conta com quase duas dezenas de encenações, entre grandes e pequenas produções profissionais. O texto da primeira parte é todo da sua autoria.
O objectivo da peça é permitir que quem assiste saia da sala com um sorriso no rosto. A forma como o consegue, essa sim, é que é diferente. Além de alegre, passa uma mensagem simples e de esperança. «Expressiva e despretensiosa», ouviu-se mais de uma pessoa classificá-la assim.
Rebeca Venâncio, Diário de Notícias | Notícias Magazine, 28.06.2009

A primeira parte é uma espécie de making of, reforçada aliás pela filmagem em directo com projecção vídeo, que faz um making of do making of da ópera. Tem ritmo e momentos divertidos, quando apanha com ironia e ligeireza traços curiosos do sistema escolar.
Na segunda metade (O pequeno limpa-chaminés) a música de Britten faz da simplicidade uma força e, com reduzidos meios e instrumentos – um quarteto, percussão e pianos -, consegue em duas penadas fabricar pequenos motores (da acção e da emoção) com pequenas faíscas (musicais).
A versão ágil e correcta de Alexandre Delgado deixa fluir no texto e na música a pequena ópera do compositor inglês. Uma competente direcção musical (Osvaldo Ferreira), um bom leque de cantores adultos (João Queirós, Luís Rodrigues, Luísa Barriga, Maria Luísa de Freitas e Sónia Alcobaça) e um coro infantil bem ensaiado deram a ouvir parte da essência de The Little Sweep.
Mas esta obra também é uma denúncia do trabalho infantil, do autoritarismo e da violência sobre as crianças. Esta ópera de Britten é um apelo humanista contra o embrutecimento, a aprender criando em colectivo, com as crianças, não fazendo delas estúpidas. Escutar e não só ouvir, ver e não só olhar; fazer e participar criativa e conscientemente num projecto à volta da música: o melhor de Vamos Fazer uma Ópera é que, com a ajuda de Benjamin Britten, aponta nesse sentido.
Público | P2, 26.06.2009

“Vamos Fazer Uma Ópera – Um Entretenimento para Jovens” é um projecto especial. Dentro de uma sala, numa apresentação contínua, acontece ao mesmo tempo uma peça de teatro e uma ópera. Na adaptação portuguesa, encenada pelo actor Paulo Matos, tudo se passa numa escola portuguesa. A cave imaginada por Britten nos anos 40 dá lugar a uma sala de aula onde alunos e professores se entregam à construção do espectáculo. É preciso decidir tudo, desde os figurinos ao libreto. “A escolha da escola permite multiplicar o carácter didáctico do espectáculo, que se destina sobretudo a jovens”, diz Paulo Matos. “A escola é o local privilegiado para produzir e desenvolver projectos interdisciplinares.”
Ana Dias Ferreira, jornal i, 19.06.2009

“Todos os jovens que vierem ver vão-se identificar com a linguagem, o ambiente, as discussões da escola contemporânea. Depois, é que vamos recuar no tempo para o século XIX e ver a ópera”, diz Paulo Matos à Renascença.

“O projecto original de Britten tem um cariz pedagógico e essa intenção mantém-se”, disse Paulo Matos ao P2 no intervalo de um dos ensaios. “O ponto de partida é desnudar, desmontar e mostrar a maneira de construir um espectáculo destes, com o público a assistir a todas as etapas.”(…) “Britten não desenvolveu a ideia de modo inteiramente explícito, havia apenas uma intenção geral. Hoje, o lugar por excelência na sociedade onde o jovem tem possibilidades de desenvolver um projecto artístico interdisciplinar é a escola. Resolvi criar um ambiente escolar contemporâneo para o mal e para o bem, pois isso comporta um espectáculo muito trabalhoso e sempre à beira de algum caos. A maior parte da peça mostra trinta e muitas crianças a funcionar em turma e muitas vezes em algazarra.”
Cristina Fernandes, in Público / P2, 19.06.2009

Não deixando de ser fiel à ópera de Britten, a versão portuguesa deixa cair a casa particular e centra a acção numa escola básica. O miúdo escravo do texto original dá lugar a um adolescente marginalizado que se infiltra na escola para roubar e porque precisa de um tecto para dormir. A sua salvação só é possível graças a um projecto artístico que lhe dá a possibilidade de ser criativo. E que projecto é este? Uma ópera, claro.
Time Out, 17.06.2009

FICHA TÉCNICA

– NA ESCOLA / Teatro
Paulo Matos

– O PEQUENO LIMPA-CHAMINÉS / Ópera
versão portuguesa de Alexandre Delgado

Paulo Matos – concepção geral e encenação
Nuno Sá – direcção musical
Sara Machado Graça – cenografia e figurinos
Paulo Graça – desenho de luz
Paula Nora – produção executiva

Intérpretes e Personagens:
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Diogo Mesquita – Diogo
Sónia Alcobaça – Gertrudes / Rosa
Luís Rodrigues – Amadeu / Zé Carvão / Tomás
João Queirós – Eleutério / Quim / Alfredo
Luísa Barriga – Cristina / Júlia
Maria Luísa de Freitas – Isabel / Dona Berta
Nuno Sá – Ricardo / Maestro
Luis Campos – Joãozinho
Catarina Mota e Melo – Aluna / Sofia
Maria Varandas – Aluna / Raquel
Pedro Portas Fontes – Aluno / Pedro
Martinho Ferreira – Aluno / Hugo
Leonor Andrade – Aluno / Tina

Alunos e Coro:
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Ana Margarida Botelho, Beatriz Silva, Catarina Barreiros, Catarina Sousa, Clara Pedro, Guilherme Oliveira, Joana Costa, Madalena Barão, Madalena Pereira, Madalena Veiga, Mafalda Gonçalves, Maria Ferrer, Maria Luís Santos, Maria Madalena Santos, Susana Francês, Susana Medeiros.

Músicos:
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Pianos: Pedro Vieira de Almeida e João Crisóstomo
Violinos: Ana Pereira e Ana Filipa Serrão
Viola: Joana Cipriano
Violoncelo: Carolina Matos
Percussão: Pedro Carvalho

Produção original:
Fundação Calouste Gulbenkian – Descobrir
– Programa Gulbenkian para a Cultura –
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OUTUBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL | M/6

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