UND

Uma mulher aguarda impaciente pela chegada do seu amante. Ele está atrasado e ela vai recordando como se conheceram, contando as suas histórias (serão todas verdadeiras?), sonhando. O tempo passa, o chá arrefece. Será que ele ainda vem? Será que ele a abandonou? Percebemos que ela é judia e ele um oficial nazi e que estamos em plena Segunda Guerra Mundial. Será sequer possível esta relação? Lá fora, a violência. Os nazis perseguem judeus, ciganos, todos aqueles que não correspondem ao seu ideal, e levam-nos para campos de concentração. Fechada em casa, Und continua a inventar desculpas para o atraso do seu apaixonado, recusa-se a aceitar que também ela está a ser perseguida. Já está, na verdade, encurralada.

Und é um texto de 1999. O dramaturgo britânico Howard Barker, que é também encenador, poeta e pintor, é conhecido pelo seu “teatro de catástrofe” que, inspirado na tragédia grega, mostra situações de conflito, dor e violência, e explora “os limites da experiência humana”. Barker tenta fragmentar as respostas dos espectadores, confrontando individualmente cada um deles com o que se passa no palco. “Temos de ultrapassar a urgência de fazer as coisas em uníssono. Cantar em conjunto, murmurar em conjunto melodias banais, não é sinónimo de colectividade”, defende o dramaturgo.

O encenador Rogério de Carvalho, vencedor do Prémio Almada de Teatro (atribuído pelo Ministério da Cultura em 2001), conhece bem os textos de Howard Barker, tendo já encenado várias das suas peças, como Limites/Possibilidades, Mãos mortas, Os europeus, Tio Vânia, Mulheres profundas/Animais superficiais, As possibilidades e inclusivamente este Und, que montou em 2016 com As Boas Raparigas.

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23 e 24 ABRIL, 2022 | SALA EXPERIMENTAL

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