Um retrato atual da civilização humana na peça “Viagem de Inverno”, em Almada

Com encenação de Nuno Carinhas, "Viagem de Inverno" parte de um texto autobiográfico da Nobel da Literatura Elfriede Jelinek. Para ver no Teatro Joaquim Benite, em Almada, até 23 de fevereiro

Cláudia Marques Santos in Visão 14 Fevereiro 2020

Parte-se, aqui, de um texto autobiográfico da Nobel da Literatura Elfriede Jelinek (autora, por exemplo, do livro A Pianista, adaptado ao cinema por Michael Haneke) que descreve a relação doentia de uma mãe e uma filha. A peça Winterreise (Viagem de Inverno) de Schubert acompanhou Jelinek desde a infância, quando aprendeu a tocá-la ao piano. Este segundo ciclo de 24 canções do compositor austríaco sonoriza a demanda sombria, pesada, de um viajante sob a tempestade, e a escritora repete esses caminhos revisitando os seus próprios demónios. Com encenação de Nuno Carinhas e interpretação de Ana Cris, Flávia Gusmão e Teresa Gafeira, os oito capítulos do texto falam de viagem e de errância, mas também de dinheiro ou do amor em tempos de redes sociais. “Não são personagens, são vozes de passagem”, diz Carinhas, reforçando que o texto de Jelinek não tem personagens (nem sequer didascálias). “Isto é palavra. Tem de se ter o gosto de falar ou ninguém vai ter o gosto de ouvir.”

Viagem de Inverno > Teatro Municipal Joaquim Benite > Av. Prof. Egas Moniz, Almada T. 21 237 9360 > até 23 fev, qui-sáb 21h, dom 17h > €10

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