Teatro Azul sobe à cena!

"Com um bocadinho mais de esforço, ainda conseguimos um candidato presidencial, matéria que, como se sabe, não abunda", Jorge Sampaio respondia assim à confusão na ordem das intervenções que trocou o Presidente da República com o secretário de Estado da Cultura no acto inaugural do Teatro Municipal de Almada.

Dina Gusmão in Correio da Manhã, 18 jul 2005

Com efeito, desde ontem que a periferia passou em definitivo a capital no que a matéria de teatro diz respeito, e se ao Festival Internacional o deve, há muito que lhe era devida sede própria.

“Tinha o gosto e o desejo de ver este teatro inaugurado, já que tive a oportunidade de ver as maquetas já lá vão uns anos, e detesto primeiras pedras… Nunca se sabe quando vem a segunda e muito menos a última”, do discurso inaugural do Presidente da República (PR) em dia, particularmente, bem-humorado.

Bem-humorado é o povo que, no exterior, aguentou debaixo de sol e atrás do gradeamento e policiamento apertado, não a inauguração propriamente dita mas a chegada do PR… “Está mais bonito”, uns. “Está mais velho”, outros. E ninguém se referia ao edifício!

O teatro ganhou logo à entrada uma escultura temática, de nome “A Máscara” e autoria de José Aurélio, escultor que, com o pintor Pedro Calapez, assegurou a estética do lugar.

O Teatro Azul, assim designado devido à sua cor mas também à equipa de arquitectos de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, ocupa uma área de oito mil metros quadrados e tem duas grandes particularidades: uma boca de palco de quase 30 metros de altura, a segunda maior do País, a seguir ao Centro Cultural de Belém, e o maior elevador de palco de sempre.

Mas é na gestão do espaço, que se quer aberto a tudo e a todos, que está o mérito maior da obra feita.

JOAQUIM BENITE E A GESTÃO

“No domínio da cultura e da arte, todas as coisas são lentas e o que hoje, aqui, inauguramos é um ponto de partida, nomeadamente, no sentido de fazer deste espaço um pólo de actividades sociais (e de que as culturais não podem andar alheadas) para crianças e idosos, intelectuais e trabalhadores, emigrantes e imigrantes. Este é, tem de ser, um espaço aberto a tudo, dialogante com todos”, quem o diz é Joaquim Benite, responsável pela gestão do teatro e fundador e director da Companhia de Teatro de Almada, a companhia residente.

Prioridade: segurança de equipamentos e instalações. Sobre a programação, que se quer diversificada e comunitária, a ideia é que não seja apenas um espaço de criação artística mas também de convívio social e cultural. A seu tempo.

O QUE CABE NUM EDIFÍCIO

Sala Principal – 450 m2 de área e lotação máxima de 446 lugares.
Palco – 650 m2 de área e caixa de palco na ordem dos 30 metros de altura e dois elevadores, um de palco e outro de orquestra.
Sala Experimental – 250 m2 de área e lotação máxima de 100 lugares.
Café-concerto – 150 m2 de área e lotação máxima para 100 lugares. Acesso directo à rua.
Livraria – 75 m2 e acesso directo à rua.
Ateliê para Crianças 75 m2 de área e lotação máxima para 25 crianças… Mas há mais: cafetaria e esplanada, uma sala de vídeo e outra de ensaios e ainda uma galeria de exposições com 50 m2.

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