“Teatro Azul é um nome lindíssimo!”

Manuel Graça Dias (1953-2019)

 

A Companhia de Teatro de Almada perdeu um grande amigo, ou, melhor dizendo, um dos seus melhores elementos, criador de uma parte importante do nosso projecto. Arquitecto único e irrepetível, a ele ficaremos para sempre todos – criadores e fruidores – devedores de um teatro como nunca tinha havido em Portugal. Feito de raiz, com ousadia e contemporaneidade, o edifício do Teatro Municipal Joaquim Benite foi projectado para «significar o existente, dando uma nova forma à cidade, reintroduzindo sentidos» (Manuel Graça Dias, 2005).

Nomeado para os prémios Secil (2007), Mies van der Rohe (2007) e Aga Khan (2007-2010), o também chamado Teatro Azul (de que foram co-autores Egas José Vieira e Gonçalo Afonso Dias) é um exemplo maior da forma como Manuel Graça Dias relacionava a arquitectura com as pré-existências, o quotidiano e o futuro de uma cidade, constituindo uma marca indelével na paisagem arquitectónica de Almada.

Sempre em colaboração com Egas José Vieira, Manuel Graça Dias criou também cenografias para espectáculos da CTA: Mãe Coragem (2000), O mercador de Veneza (2002), Paolo Paoli (2003), D. Juan (2006), Que farei com este livro? (2007), A tragédia optimista (2015) e O Barbeiro de Sevilha (2016).

O público que venha a sentar-se em qualquer uma das salas do Teatro Azul ou que passeie pelos seus outros espaços públicos e pelas varandas com vista para o Tejo, saberá que houve um arquitecto que pensou para ele um teatro quente e cheio de luz; os actores, encenadores e técnicos que por aqui venham a passar deslumbrar-se-ão sempre com o cuidado com que o arquitecto pensou todas as necessidades técnicas que os melhores teatros do Mundo podem oferecer – e que não esqueceu que esses lugares ocultos de um teatro, onde se trabalha dia e noite, têm de ter uma atmosfera que inspire a criação. E uma buganvília à beira de um lago para descansar.

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