SÁBADO 2

Companhia Paulo Ribeiro | Coreografia de Paulo Ribeiro

29 SETEMBRO, 2012 | SALA PRINCIPAL

Este trabalho vive da repressão da energia sexual, e da sua confrontação com a fantasia romântica e religiosa que só encontra “redenção” numa espécie de sacrifício de automutilação.
É um trabalho que tem uma carga erótica muito semelhante ao que se vivia, ou pelo menos eu vivi, no nosso passado de católicos, cheios de Nossa Senhora de Fátima e de Infernos meio orgásticos, meio redentores.
Sábado 2 é uma obra essencialmente egoísta; o outro existe para dar relevo às nossas fantasias; compadecemo-nos a pensar que sofremos de amor, mas não passa de imaginação e convenção social. É aí que entra o texto, para dar relevo ao estereótipo das convenções sociais, à banalidade da palavra e até dos sentimentos, quase sempre fugazes e virtuais.

Resumindo, nesta peça tentei explorar o turbilhão vazio do indivíduo virado essencialmente para si próprio, tomando a ligação com o divino como espécie de energia redentora.
O trabalho de autor não se esgota no impacto maior ou menor que as criações possam ter no momento em que são criadas. A Dança é das artes que mais sofre o efémero. Este princípio precisa ser contrariado, não só porque muitas obras precisam de tempo para serem realmente apreendidas, como também é essencial poder rever o que está para trás para situar melhor o presente. Depois, não tenho dúvidas que a linguagem que identifica um autor só faz sentido quando há longevidade. Talvez seja este o factor maior para o reconhecimento e independência face à voracidade das modas, tendências e mercados.

Celebramos o nosso décimo quinto aniversário. Sábado 2 foi a nossa primeira e muito emblemática obra. Só pode fazer sentido recuperá-la e partilhá-la com todos os que apreciam a Dança e a sua muito particular capacidade de ser intemporal. Para quem não conhece, será certamente uma feliz descoberta, para quem já viu será um momento festivo como aqueles em que revemos um ente querido que regressa após uma longa ausência.
Paulo Ribeiro

Paulo Ribeiro (n. 1959) é um dos grandes nomes da criação no território da dança portuguesa. Estreando-se como coreógrafo em 1984, em Paris, colabora mais tarde com a Companhia de Dança de Lisboa e com o Ballet Gulbenkian (entretanto extinto, e de que veio mais tarde a ser Director, entre 2003 e 2005). Representou Portugal no Festival Europália 91, em Bruxelas. Em 1995, fundou a Companhia Paulo Ribeiro, para a qual tem vindo regularmente a criar e com a qual conquistou um importante lugar entre as mais reconhecidas formações de dança contemporânea portuguesas, apresentando-se regularmente nas principais salas de espectáculo nacionais e estrangeiras: em 2011 apresentou White feeling e Organic beat no Théâtre de la Ville, em Paris. Paulo Ribeiro foi já distinguido com importantes prémios nacionais e internacionais.

coreografia Paulo Ribeiro
assistente do coreógrafo e responsável pela reposição Leonor Keil
música Nuno Rebelo
figurinos Maria Gonzaga
desenho de luz Rui Marcelino
intérpretes (novo elenco) Leonor Keil, Carla Ribeiro, Sandra Rosado, Paulo Ribeiro, Pedro Ramos, Peter Michael Dietz
co-produção Fundação das Descobertas / Centro Cultural de Belém
apoios The British Council, CCA – audiovisuais, ETIC, Maria Gonzaga, Teatro Cinearte
agradecimentos Centro Cultural de Belém e Paula Bárcia
fotografia José Alfredo
vídeo João Pinto
estrutura financiada por GOVERNO DE PORTUGAL / SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA / DGARTES

29 SETEMBRO, 2012 | SALA PRINCIPAL | M/12

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