PLAYGROUND SESSION

João Mamede e Pedro Loureiro

23 FEVEREIRO, 2013 | SALA EXPERIMENTAL

Somos um rei-gay e uma rainha-homem, ambos com um problema de vaidade, e por isso, duas figuras que disputam o protagonismo. Habitamos espaços íntimos e recreativos, que nos permitem passar os limites do razoável, e progredir no sentido da desresponsabilização. Quando é que o hedonismo me desresponsabiliza a mim, Eduardo, Rei de Inglaterra? Porque é que eu não posso ter tudo? Desde o prazer que sinto ao saber que o meu amante vem aí, até ao prazer com que encaro a minha morte, nunca escutei os pedidos da rainha e distraí-me, no exercício harmonioso das minhas actividades vitais. Quanto mais tempo dura a vida, quanto mais intensa for, melhor. Que tens? Queres água, esposo meu? Que quantidades? Que zonas de Eduardo posso eu, a Rainha, deformar, uma vez que não as posso consumir? Até que o orgasmo nos separe, celebremos.

Christopher Marlowe é o verdadeiro representante do Renascimento em Inglaterra: morreu prematuramente, violentamente, era dotado de eloquência e de cultura, bem como de amoralidade, habilidade poética, confiança no destino do Homem e na liberdade de pensar e agir livremente, como demonstram os seus heróis e em particular Eduardo. Viveu fascinado pela realidade do seu tempo, pela mutação nas vivências e nas mentalidades. Desfrutou da vida artística na boémia londrina, frequentando teatros e tabernas, e daqui surgiu o seu temperamento irreverente e impulsivo. Foi sobrevivendo, sem dinheiro e sem bens. E também sem fé. A amargura que atravessa este Eduardo II e outros textos de Marlowe é acompanhada de práticas heréticas que demonstram essa mesma falta de fé. O ateísmo fez com que fosse preso. Na sua ultima peça, Marlowe descobriu a compaixão. E quis para seu herói um homem fraco.

João Pedro Mamede frequentou a Licenciatura em Teatro da ESTC. Iniciou a sua formação teatral na Cena Múltipla, dirigida por Francis Seleck, Pedro D’Orey e Catarina Pé-Curto (2006-2010), onde trabalhou textos de Fernando Pessoa, Karl Valentin e Farid Udi-Din Attar (A Conferência dos Pássaros, adaptado por Jean-Claude Carrière) e criações colectivas. Frequentou workshops de Bruno Schiappa, Inês Nogueira, Sílvia Real e Stephan Kaegi, dos Rimini Protokoll. Dirigido por Francis Seleck, estreou, em Março 2011, o monólogo A 20 de Novembro, de Lars Norén. Participou em Amadeus, de Peter Shaffer, encenação de Tim Carroll no TNDM II, e em Do alto da ponte, de Arthur Miller, encenação de Gonçalo Amorim (TEP) no Teatro da Trindade. Nos Artistas Unidos, participou em A morte de Danton, de Georg Buchner, encenação de Jorge Silva Melo (TNDMII, 2012).

Pedro Sousa Loureiro iniciou a sua formação teatral com Celso Cleto e Luiz Zagallo (2006). Em Coimbra, trabalhou com Luiz Rodrigues no TAGV, passando também pelo Teatrão (2008). Frequenta a Licenciatura em Teatro da ESTC. Interpretou poemas de Mário Cesariny no São Luiz (2010). Dirigido por Celso Cleto, estreou Sabina Freire, de Manuel Teixeira Gomes (2010), trabalhando com Maria Dulce e Manuela Maria. Estreou a mesma obra no Teatro de Bellas Artes em Madrid (2011). Foi dirigido por Maria João Rocha em Triálogo, de Ruben A., e por Joana Matos Estrela num monólogo a partir do texto de Miguel Esteves Cardoso, O Elogio ao amor (2011). No Teatro de Carnide (2011) estreou Fraque – o Amor em tempos de cobrança, de e encenada por Sofia Ângelo. Fez também cinema e televisão.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Texto, Criação e Interpretação A partir de Eduardo II de Christopher Marlowe João Pedro Mamede e Pedro Sousa Loureiro
Design Gráfico: Pedro Sousa Loureiro
Fotografia: André Pais

SALA EXPERIMENTAL | 23 FEVEREIRO
CICLO SALA EXPERIMENTAL

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