Perguntas e respostas

Os criadores de Náufrago, John Romão e Nuno Cardoso, marcam encontro com o público no foyer do TMJB no próximo Sábado, dia 26 de Novembro, às 18h. Não perca mais uma Conversa com o público: falar-se-á do texto de Thomas Bernhard e do processo criativo que antecedeu o espectáculo.

Perguntas e respostasA reflexão sobre a morte, levada a cabo por John Romão e Nuno Cardoso, fê-los explorar um lado sombrio da existência, porventura mais inquietante do que o desaparecimento físico e inexorável de um ser humano. Diz respeito à morte em vida, associada à frustração, à ausência de sonhos, à angústia existencial que nos acomete no momento em que tomamos consciência de que grande parte das nossas acções são, na verdade, perfeitamente inúteis. No texto de Thomas Bernhard, foi o contacto com o pianista Glenn Gould que convenceu o narrador e o seu amigo Wertheimer a desistirem de uma carreira ligada à música. Não suportavam ser medíocres: ou eram génios, como Glenn, ou não eram nada. Que outras dimensões do problema se escondem neste texto do autor austríaco? É legítima (e verosímil) a frieza com que o protagonista encara a morte física de Gould e de Wertheimer e a morte simbólica dos epígonos que, como ele, não chegam aos calcanhares do mestre? Quando é que a vida deixa de o ser, mesmo que o peito ainda suba e desça e o coração ainda bata? Por outro lado, este espectáculo integra um ciclo a que o Ao Cabo Teatro deu o nome de Pequeno Teatro do Mundo, procurando reunir criadores que praticam ‘a transversalidade e a miscigenação no âmbito das artes do espectáculo’. Em que medida John Romão adopta esta premissa? E como se posiciona Nuno Cardoso como intérprete num solo tão pessoal como este, depois de ter privilegiado a encenação?

Ângela Pardelha
in CTA, 22 nov 2016

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