OTHELLO

de William Shakespeare | encenação de Joaquim Benite

26 JANEIRO a 19 FEVEREIRO, 2006 | Teatro da Trindade/Inatel – Lisboa

OTHELLOAcerca de Othello, de Shakespeare
A primeira representação de Othello de que há registo foi efectuada em honra de Jaime de Inglaterra, na casa de banquetes do Whitehall Palace, em Hallowmass, em Novembro de 1604. Richard Burbage desempenhou o papel de protagonista, e embora se saiba pouco acerca da produção, o papel de Burbage ficou para a História como um dos que melhor interpretou. Othello continuou a ser uma das peças preferidas do público e uma das mais produzidas. Em 1660, quando acabou o puritanismo em Inglaterra e Carlos II reabriu os teatros, Margaret Hughes interpretou Dsedémona no que se pensa ter sido o primeiro papel representado por uma mulher em Inglaterra.

A principal fonte de Shakespeare para escrever Othello foi a novela de Giovanni Battista Giraldi, que assinava como Cinthio. A história fala de um mouro que se casa com uma veneziana chamada Disdemona; o oficial do mouro, Alfiero, tenta seduzir Disdemona, mas ela resiste às suas investidas. Para se vingar, este acusa-a de adultério com um capitão do exército. Alfiero rouba o lenço de Disdemona e põe-o na cama do capitão; pouco depois Alfiero e o mouro espancam Disdemona até à morte com um saco de areia e depois fazem cair-lhe em cima o tecto do seu quarto, para que a morte pareça acidental. Os familiares de Disdemona executam o mouro e Alfiero é torturado até à morte.

Ao reescrever a história, Shakespeare obscurece os motivos do oficial, criando um dos maiores e mais enigmáticos vilões do cânone ocidental e transformando o conto de Cinthio, um aviso às mulheres para não se casarem com alguém muito diferente delas, na história da trágica queda de um herói nobre.

Transformar o mouro no herói trágico em vez do vilão foi outra das inovações de Shakespeare. No teatro renascentista, os mouros eram quase exclusivamente vilões, incorporando as características das personagens negativas do teatro medieval, como no próprio Tito Andronico que Shakespeare escreveu em 1594. Ao iniciarem-se as trocas comerciais com o Norte de África, os crescentes preconceitos contra os mouros e os muçulmanos levaram à exacerbação do estereótipo. Em 1601 a rainha Isabel lançou um édito que expulsava todos os mouros das ilhas britânicas. Ainda hoje prossegue o debate sobre se Othello subverte as expectativas isabelinas acerca das personagens mouriscas, ou simplesmente adia o reforço do estereótipo para mais tarde, na peça, quando o mesmo Othello cai no ciúme e na loucura.

Ao longo da História, a personagem de Othello tem sido interpretada por actores brancos maquilhados. Paul Robeson, um notável actor afro-americano, desempenhou o papel três vezes entre 1939 e 1959. Ben Kingsley retratou Othello como um árabe, sem maquilhagem, em 1985. Ao mesmo tempo, o século XX tem conhecido muitas adaptações cinematográficas da peça, sendo talvez a mais notável a versão de Orson Welles, de 1952.

Othello Mário Spencer
Iago Luís Vicente
Desdémona Joana Fartaria
Cássio Marques D’Arede
Emília Teresa Gafeira
participam ainda os actores: Francisco Costa, André Gomes, João Jonas, Miguel Martins, Rita Cruz e João Evaristo
encenação de Joaquim Benite
espaço cénico de Jean-Guy Lecat

Teatro da Trindade/Inatel – Lisboa
26 JANEIRO a 19 FEVEREIRO
quarta a sábado às 21h30
domingos às 16h00

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