ORGIA

Um homem já morto vem ao teatro mostrar como foram os momentos finais da sua vida e explicar por que se suicidou. Vêmo-lo numa noite de Páscoa, num quarto, com a sua mulher, a prepararem-se para se entregarem aos prazeres sadomasoquistas. O casal procura viver a sua vida em pleno, mas não consegue livrar-se da moral imposta pela sociedade. Por isso, sentem-se presos por uma “hipocrisia esquizofrénica”, divididos entre aquilo que desejam à noite e aquilo que aceitam de dia. A mulher parece não aguentar mais essa pressão e suicida-se. O homem procura outra pessoa que o satisfaça. Mas também ele acaba por sucumbir. Orgia é uma tragédia contemporânea sobre os impulsos que movem o ser humano em busca da liberdade diante da “escravidão” de sentimentos imposta pelas sociedades.

Cineasta, escritor, argumentista, poeta e intelectual italiano, Pier Paolo Pasolini (1922-75) transportou para a sua obra os ideais comunistas e as suas dúvidas existenciais, muitas delas relacionadas com a sexualidade e a liberdade. Entre as suas obras mais conhecidas encontra-se a trilogia composta pelos filmes Decameron, Os contos de Canterbury e As mil e uma noites. Premiado nos festivais de cinema de Cannes, Veneza e Berlim, muitos dos filmes de Pasolini foram considerados pornográficos pela sociedade conservadora e foram criticados pela Igreja Católica, como por exemplo O Evangelho segundo Mateus (1964). No Manifesto por um novo teatro, que lançou em 1968, Pasolini defende o “teatro da palavra”, uma terceira via entre o teatro burguês convencional e o teatro experimental, e que seria acima de tudo um “ritual cultural”. Morreu assassinado em 1975.

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26 NOVEMBRO, 2022 | SALA PRINCIPAL

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