O teatro de Séneca é um teatro paradoxal

No próximo sábado, às 18h30, no foyer do TMJB, José Pedro Serra terá a última Conversa com o Público, desta vez vai-nos falar sobre A recepção de Fedra: de Racine aos contemporâneos.

Na Conversa do último sábado, sobre Séneca, José Pedro Serra referiu-se ao teatro de Séneca como um teatro paradoxal muito ligado ao estoicismo.

O estoicismo é herdeiro da filosofia platónica, que tem no “logos” (Lógica, razão, palavra, ordem) a sua matriz. Por isso considera todas as paixões como elementos tendencionalmente viciosos, perturbadores da ordem. Como paixão pode considerar-se, por exemplo, o desejo de posse (do amor, dinheiro ou poder), que provocam momentos de intranquilidade. O medo também é uma paixão. Por isso considera que mudando o juízo, mudar-se-á o temor de uma certa circunstância: a consciência de que tudo o que nos rodeia é finito.

A Tragédia especificamente de Séneca procura mostrar como todas as paixões terminam em tragédia. Em Fedra o que está em causa é a tragédia da culpa. O homem deve opor ao poder das paixões o poder da razão.

Para Aristóteles a Tragédia representava a catarse, com Séneca o teatro deixa de ser cósmico e passa a ser reflexivo no sentido em que o espectador vai ao palco e volta a si criticamente, como em Brecht.

No próximo sábado, às 18h30, fechamos o ciclo de Conversas com o Público sobre a Tragédia.

Em Março retomaremos as Conversas, a propósito da nova criação da Companhia de Teatro de Almada: Além da dor, de Alexander Zeldin, com encenação de Rodrigo Francisco, que estreia dia 4 de Março e manter-se-á em cena até dia 3 de Abril.

in CTA 13 Fev 2022

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