O MEDO DEVORA A ALMA

Texto de Rainer Werner Fassbinder | encenação de Rogério de Carvalho

COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA

Em 1971, Rainer Werner Fassbinder vê uma retrospectiva de filmes de Douglas Sirk e decide ir conhecê-lo pessoalmente a sua casa em Lugano, na Suíça. O contacto com o cinema de Sirk é determinante na carreira do alemão que, a partir desse momento, procura criar filmes “como os de Hollywood, porém sem a hipocrisia”. Essa influência é particularmente visível em O medo come a alma, um filme de 1974 que é decalcado de All That Heaven Allows (O que o céu permite), de Douglas Sirk (1955).

No filme americano, a actriz Jane Wyman é uma viúva rica que se apaixona pelo seu jardineiro, interpretado por Rock Hudson. Fassbinder transporta a acção para a Alemanha da década de 70, extremando as diferenças de idade, de cultura e até raciais. Na sua versão, temos Emmi, uma viúva sexagenária que trabalha como mulher-a-dias, e Ali, um imigrante marroquino, que trabalha numa oficina de carros e é muito mais novo do que ela. Sem o glamour de Hollywood, deparamo-nos com pessoas normais, marcadas pelas vidas duras que levam. Contra todas as probabilidades, Emmi e Ali encontram um no outro a fuga às suas solidões. Só que ela vai começar a sentir a discriminação por parte de quem a rodeia – vizinhos, colegas e a própria família –, para quem o relacionamento com um estrangeiro é um escândalo. O par decide casar-se mas a relação ressente-se do ambiente de intolerância em que vivem. Retrato de uma Alemanha em crise, esta continua a ser, apesar de tudo, uma história de amor – e de como o amor pode ser ao mesmo tempo salvação e maldição.

O alemão Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) começou a sua carreira no teatro, como actor, dramaturgo e encenador. A partir de 1969 dedicou-se sobretudo ao cinema e foi um dos mais importantes representantes do Novo Cinema Alemão. Entre as suas obras mais conhecidas estão As lágrimas amargas de Petra von Kant e O casamento de Maria Braun.


28 OUTUBRO a 27 NOVEMBRO, 2022 | SALA EXPERIMENTAL

qui a sáb às 21h00
qua e dom às 16h00

Duração aprox.: 1h50 | M/12

Tradução António Sousa Ribeiro

Cenografia José Manuel Castanheira
Luz Guilherme Frazão
Assistência de guarda-roupa Carolina Furtado
Assistência de encenação Paulo Mendes, Nicole Alves

Interpretação Catarina Campos Costa, Cláudio da Silva, David Pereira Bastos, Júlio Mesquita, Laura Barbeiro, Lavínia Moreira, Maria Frade, Miguel Eloy, Pedro Fiuza, São José Correia, Teresa Gafeira

Direcção de montagem Guilherme Frazão
Montagem André Oliveira, Bento da Silva, Carlos Janeiro, Daniel Polho, Paulo Horta
Operação de luz e som Daniel Polho
Produção Paulo Mendes, Nicole Alves
Fotografia Rui Carlos Mateus

Agradecimentos Bombeiros Voluntários de Cacilhas, Bar As Primas

apoios União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, Junta de Freguesias de Laranjeiro e Feijó


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