O LUTO VAI BEM COM ELECTRA

de Eugene O'NEILL | encenação Rogério de CARVALHO

1 a 19 DEZEMBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL

Ociclo de três peças O luto vai bem com Electra (Mourning becomes Electra, 1931) de Eugene O’Neill regressa a um palco português, 67 após a sua estreia no Teatro Nacional D. Maria II – sob o título de Electra e os fantasmas –, onde foi encenada por Robles Monteiro, sobre tradução de Henrique Galvão. Numa nova produção da CTA, Rogério de Carvalho dirige Regresso a Casa (Homecoming); Os Caçados (The hunted); e Os Assombrados (The haunted), partindo de uma nova tradução, encomendada a Helena Barbas.
Com esta trilogia, o dramaturgo norte-americano desejou que os seus compatriotas experimentassem – literal, formal e esteticamente –, a imensidão da tragédia, renovando a expectativa do público da Atenas do século V a.C, quando assistia nos festivais dionisíacos a grupos de três tragédias. Inspirando-se na Oresteia, de Ésquilo – trilogia constituída pelas peças Agamémnon, Coéforas e Euménides –, O’Neill situa a acção no final da Guerra da Secessão, em 1865, quando o general vencedor Erza Mannon regressa a casa, na região da Nova Inglaterra (emblema da América genuína, por aí se terem estabelecido os Pilgrim Fathers no século XVII). Tal como Agamémnon, Erza é a primeira vítima da corrupção profunda da família, que se autodestrói pelo crime. Ora, onde Ésquilo buscara um horizonte ético e político onde a lei triunfa sobre a vingança, O’Neill desenha a atmosfera malsã do inconsciente insuspeito e indomável que hipoteca no homem a liberdade de perseguir o bem.

Tendo visto a sua direcção de O avarento, de Molière, ser eleita Espectáculo de Honra 2011 pelo público do Festival de Almada deste ano, Rogério de Carvalho volta a trabalhar com a CTA um texto de Eugene O’Neill, de quem – em 2009 – estreara no TMA, com a mesma companhia, Uma longa jornada para a noite.
Eugene Gladstone O’Neill (Nova Iorque, 1888) conheceu cedo o mundo teatral, acompanhando seu pai, o actor James O’Neill, em tournées pelos EUA. Em 1906, ingressa na Universidade de Princeton, donde é expulso pouco depois, em virtude da sua rebeldia. Influenciado pelos relatos aventureiros dos escritores Jack London, Joseph Conrad e Rudyard Kipling, parte em 1912 para as Honduras, onde trabalha como garimpeiro e marinheiro. De regresso aos EUA, O’Neill contrai tuberculose. As leituras durante a convalescença inspiraram-no a escrever teatro. Apesar de uma constante inquietação social de cariz socialista e anarquista e uma genuína preocupação com os excluídos do sonho americano, as suas peças podem arrumar-se em três períodos: as iniciais, profundamente realistas, que partem do passado aventureiro do dramaturgo; aquelas em que, já nos anos 20, o realismo cede à tentativa de retratar as forças que, ocultas ou mesmo ignoradas, controlam os actos humanos (Mourning becomes Electra insere-se nesta fase de escopo expressionista, claramente influenciada pelo pensamento de Nietzsche, Freud, Jung e Strindberg); os textos finais que, retomando o ambiente realista, se constroem como frescos marcadamente autobiográficos. O’Neill morrerá em 1953.

Ficha Técnica
Encenação Rogério de CARVALHO
Tradução Helena BARBAS
Cenário José Manuel CASTANHEIRA
Figurinos Mariana Sá NOGUEIRA e Patrícia RAPOSO
assistente de Figurinos Miguel MORAZZO
Luzes José Carlos NASCIMENTO
Sonoplastia Guilherme FRAZAO
Intérpretes André ALBUQUERQUE, Bernardo ALMEIDA, Celestino SILVA, Laura BARBEIRO, Marques D ‘AREDE, Miguel MARTINS, Paulo GUERREIRO,
São José CORREIA, Sofia CORREIA, Teresa GAFEIRA

1 a 19 DEZEMBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL |  M/12

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