NEM COME NEM DEIXA COMER

Texto de Lope de Vega | encenação de Ignacio García

COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA


“Nem come nem deixa comer” é uma expressão espanhola que se aplica ao cão do hortelão – isto é, ao animal que não permite que os outros comam a colheita, ao mesmo tempo que nem ele próprio a come. É sobre esta simples ideia que Lope de Vega (1562-1635) constrói a sua comédia de enredo mais famosa: O cão do hortelão. E foi sobre este texto que realizámos uma leitura feminista e liberal, navegando entre a comédia trepidante e a melancolia metafísica.

Com uma trama simples e eficaz, Lope de Vega tece jogos de equívocos, ciúmes e invejas. Porém, sob esta aparente simplicidade, oculta-se igualmente uma reflexão profunda e dolorosa: será que somos capazes de amar sem nos cansarmos do objecto do nosso amor? Será que no trabalho, no amor, ou na riqueza, desejamos sempre aos outros mais do que a nós próprios? Na nossa versão do texto, os versos do Siglo de Oro dão-nos uma versão furibunda e contraditória do amor. Mas ao mesmo tempo manifestam um doloroso sentido de perda e de agitação, uma vez que os sentimentos amorosos são indecifráveis e misteriosos. (Ignacio García e José Gabriel López Antuñano)

O encenador Ignacio García, distinguido já com vários prémios, é programador do Festival Dramafest (dedicado à dramaturgia contemporânea, que tem lugar na Cidade do México) e director do Festival Internacional de Teatro Clásico de Almagro. Grande divulgador do reportório do Século de Ouro, divide-se entre os textos clássicos e os contemporâneos. José Gabriel López Antuñano, professor de Dramaturgia e Ciências Teatrais e autor de obras de pensamento sobre teatro, já realizou várias adaptações, entre as quais figuram textos dramáticos de Calderón de la Barca, Luis de Guevara ou ainda de José Saramago.


Certo que vossenhoria, perdoe-me se me atrevo, tem no juízo às vezes, que não no entendimento, mil lúcidos intervalos.
Pois coma ou deixe comer, porque eu não me sustento de esperanças tão cansadas, que, senão, desde aqui, volto a querer onde me querem.

Fala de Teodoro, acto II, cena 21

05 NOVEMBRO a 05 DEZEMBRO, 2021 | SALA PRINCIPAL

qui a sáb às 21h00
qua e dom às 16h00
qua 1 Dezembro às 21h00

Duração aprox.: 75min. | M/12

Texto de Lope de Vega
Encenação Ignacio García
Tradução Nuno Júdice
Adaptação e dramaturgia José Gabriel Antuñano
Cenografia José Manuel Castanheira
Figurinos Ana Paula Rocha
Luz Guilherme Frazão
Voz Luís Madureira
Movimento Miguel Ramalho
Fotografia Rui Mateus/Luana Santos

Intérpretes Ana Cris, David Pereira Bastos, Diogo Bach, Leonor Alecrim, Margarida Vila-Nova, Teresa Gafeira e Vera Santana
Interpretação musical Marco Oliveira
Assistente de encenação Paulo Mendes
Confecção de figurinos Iza van Gallery
Assistência de cenografia Carlota Mendes
(estagiária)
Agradecimentos Bispos Tecidos, Transição Antiguidades e Decoração, Teatro Nacional de S. Carlos, Teatro Experimental de Cascais



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