Music-Hall já em ensaios

Já decorrem os ensaios da próxima criação da Companhia de Teatro de Almada. Music-Hall estreia dia 14 de Abril e vai manter-se em cena até dia 14 de Maio, de quinta a sábado, às 21h, e quartas e domingos, às 16h.

O texto de Jean-Luc Lagarce, Music-Hall, está a ser encenado por Rogério de Carvalho e o elenco conta com Teresa Gafeira, João Farraia e Pedro Walter. A cenografia é de José Manuel Castanheira e os figurinos de Bárbara Felicidade.

Durante a carreira do espectáculo haverá as habituais Conversas com o Público, aos sábados, às 18h, no foyer do TMJB.

Como todas as noites, naquela cidade, como em todas as outras cidades, a Rapariga conta a sua história de music-hall. Nostalgia desiludida de uma época que ela viveu ou fantasiava… Como todas as noites, os seus dois rapazes acompanham-na, fingem ser ela, enganam-na, e assumem todos os papéis. Como todos os outros espectáculos, o espectáculo será realizado apesar da indiferença de um público cada vez mais raro.

Grandezas e misérias das digressões
Music‑Hall é uma espécie de banquete em honra dessas memórias. A ideia de base e o basso continuo da peça é uma canção de Joséphine Baker, De temps en temps. Este tema musical não se limita a ritmar o espetáculo com a sua atmosfera de café‑concerto e as suas incontornáveis palavras de amor (não me digas que me adoras, mas pensa em mim de vez em quando) – é a própria peça que, como que contagiada pela canção, repete palavras e fórmulas que se convertem numa espécie de refrães (trocista, lenta e desenvolta, e quem pode o mais, pode o menos, etc.), sem porém se resumir a isso: a peça está cheia de imprevistos, de fugas. Ambivalência lagarciana.

Jean­‑Pierre Thibaudat

Jean-Luc Lagarce (1957-1995) nasceu em Montbéliard, perto de Besançon. Os seus pais eram operários da fábrica local da Peugeot. O dramaturgo cresceu num contexto de prosperidade económica, mas marcadamente conservador. Estuda Filosofia e Arte Dramática. Conclui o curso universitário com a tese Teatro e poder no Ocidente, publicada posteriormente. Em 1977 funda a companhia de teatro itinerante La Roulotte. Será a aventura de uma vida. Encena Beckett, Ionesco, Genet, Kafka, Molière, entre outros. Muitos destes autores influenciá-lo-ão na sua própria escrita, da qual se destacam títulos como Estava em casa e esperava que a chuva viesse (1990) ou Tão-só o fim do Mundo (1994). Morre, prematuramente, em 1995.

in CTA 03 Mar 2023

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