MÁRIO BARRADAS

(1931 – 2009)

Mário Barradas, que faleceu subitamente, aos 78 anos, foi uma figura marcante do teatro português do pós-25 de Abril. Director do Conservatório, proposto por Madalena Azeredo Perdigão por altura da reforma determinada pelo Ministério da Educação na fase final da ditadura, Mário Barradas viria a fundar, depois da Revolução, o Centro Cultural de Évora, uma das estruturas pioneiras da descentralização teatral, conceito pelo qual se bateu e a que dedicou, praticamente, toda a vida. Antigo advogado em Moçambique, embora natural dos Açores, decidiu, a certa altura, mudar de carreira e fez o curso de direcção na Escola do Teatro Nacional de Estrasburgo.

Foi funcionário da Secretaria de Estado da Cultura e Director Geral dos espectáculos, e nessa qualidade teve uma intervenção permanente e uma grande influência no desenvolvimento e constituição do actual tecido teatral.

Foi fundador e director da Escola de Teatro do Centro Cultural de Évora e nessa qualidade formou muitos dos actuais actores e directores profissionais.

Como encenador, Mário Barradas foi um artista vinculado ao realismo e profundamente influenciado pela Escola Francesa dos anos 60 e 70, marcada fundamentalmente pelas teorias de Brecht. Era um intelectual de Esquerda e militante comunista.

A morte inesperada impede-o de realizar o último projecto em que, com grande entusiasmo, trabalhou: a encenação de “Troilo e Créssida”, de Shakespeare, co-produção entre a Companhia Teatro de Almada, A Companhia de Teatro do Algarve e a Companhia de Teatro de Braga, cuja estreia estava prevista para 22 de Abril de 2010.

A comoção que sentimos pela morte de um grande homem de teatro associa-se, neste momento, a uma dolorosa sensação de perda.

Mário Barradas perdurará, no entanto, na nossa memória

Joaquim Benite
Director do TMA

Mário Barradas
in Companhia de Teatro de Almada, 19 nov 2009

mostrar mais
Back to top button