Maior festival internacional de teatro do país regressa a Almada para a 40.ª edição

Em 2023, o Festival de Almada homenageia o ator e encenador João Mota, fundador do Teatro da Comuna. Da programação constam vinte espetáculos de teatro, dança e novo circo, de criadores nacionais e internacionais.

in Almadense 17 Junho 2023 | notícia online

O Festival de Almada celebra em 2023 o seu quadragésimo aniversário, trazendo alguns dos mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais. Vinte espectáculos de teatro, dança e novo circo (oito portugueses, doze estrangeiros) serão apresentados em nove palcos de Almada, desde o Teatro Municipal Joaquim Benite à Academia Almadense, e em Lisboa, no Centro Cultural de Belém.

Para a presidente da Câmara, Inês de Medeiros, trata-se de uma a “maravilhosa seleção” de espetáculos, afirmou durante a apresentação à imprensa da programação deste ano, que decorreu esta sexta-feira na Casa da Cerca, em Almada Velha, em que destacou o “orgulho” pelo facto de “Almada ser considerada a capital do teatro”.

Já Rodrigo Francisco, diretor artístico do Festival,  as “grandes expectativas” para a edição deste ano, que decorre de 4 a 18 de julho e conta já com mais de metade das assinaturas reservadas.

A programação de 2023 conta com criações dirigidas por alguns encenadores já conhecidos do Festival, como é o caso de Peter Stein, figura incontornável da encenação alemã, que dá vida ao texto “O aniversário”, de Harold Pinter, em cena a 12 de julho no palco grande da Escola D. António da Costa.

Outro dos grandes deste ano é a presença em Almada do inglês Declan Donnellan, que trabalha um dos textos basilares da dramaturgia universal: “La vida es sueño”, de Pedro Calderón de La Barca. O espetáculo será apresentado nos dias 17 e 18 de julho no Teatro Municipal Joaquim Benite.

Em 2023, o Festival de Almada homenageia o ator e encenador João Mota, fundador da Comuna – Teatro de Pesquisa. Referindo a “alegria infantil” que esta homenagem lhe proporciona, o encenador já com 65 anos de carreira traz “Não andes nua pela casa”, uma obra da maturidade de Feydeau que navega, através da comédia, o frenesim e o absurdo dos nossos dias. Antes do espetáculo, que terá lugar no dia 8 às 22h, haverá uma homenagem ao encenador.

Entre  as oito criações  portuguesas contam-se também duas estreias  — pela Companhia de Teatro de Almada (CTA) e pelo Teatro Griot/Artistas Unidos—, bem como peças do Teatro Nacional São João, do Teatro do Vestido, da Formiga Atómica e de Rui M. Silva. Da CTA estreia, com seis datas, “Calvário”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco, uma peça sobre o “teatro dentro do teatro”. Quanto a Rui M. Silva, residente em Almada, traz à cena um texto de Afonso Cruz, um dos mais conceituados escritores contemporâneos: em “A Equipa”, explora-se a relação entre o desporto e o teatro. Estará em cena a 15, 16 e 17 de junho no salão de festas da Incrível Almadense.

Ainda destacando os autores de língua portuguesa, o Festival traz a Almada “Ventos do apocalipse”, uma produção do Teatro Griot e dos Artistas Unidos baseada na obra homónima de Paulina Chiziane, vencedora do prémio Camões em 2021. Tendo a guerra civil moçambicana como pano de fundo, esta produção aborda a “questão da memória, reflectida no corpo e na expressão do actor”, refere o encenador Noé João. Um espetáculo que, como é já hábito do Teatro Griot, realça a importância da consagração de autores e atores negros, e que terá lugar a 7, 8 e 9 de julho na Academia Almadense.

Quanto ao Teatro Experimental de Cascais, apresenta o Espectáculo de Honra 2023, votado pelo público na edição anterior para regressar este ano: “Eu sou a minha própria mulher”, de Doug Wright, estará em cena a 7, 9 e 11 de julho. Destaque ainda para “Aquilo que ouvíamos”, do Teatro do Vestido – companhia reconhecida pelo seu exímio trabalho documental – em que Joana Craveiro leva o público numa viagem aos anos 80, à sua música e à identidade de pertença que esta conferia. 

O Festival recebe ainda peças de criadores com raízes fora da Europa, como é o caso da encenadora e ativista libanesa Hanane Hajj Ali e do ator e encenador francês de origem argelina Abdelwaheb Sefsaf. A primeira traz ao salão de festas da Incrível Almadense uma espetáculo inspirado na figura de Medeia, em que o teatro é condensado à sua essência; “uma belíssima experiência, que hipnotiza”, realça Rodrigo Francisco. Para ver nos dias 7, 8 e 9 de julho.

Não só teatro: dança, música e artes plásticas marcam lugar

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Para além do teatro, são várias as vertentes que formam o Festival de Almada. Entre os espetáculos de dança, contam-se o da Batsheva Dance Company (pela primeira vez no Festival), que apresenta uma peça do seu coreógrafo residente, Ohad Naharin, ou o da Schaubühne de Berlim, desta vez com uma encenação do suíço Milo Rau, numa reflexão sobre a beleza e a vontade de viver.

O Galactik Ensemble, de França, traz à escola D. António da Costa, pelas 22h de 14 de julho, “Optraken”: “um espetáculo absolutamente divertido” onde até o cenário se desintegra, revela Rodrigo Francisco. Também pela primeira vez em Almada estarão os coreógrafos Martin Zimmermann e Yoann Bourgeois (da Suíça e de França, respectivamente).

O artista plástico Noé Sendas, autor do cartaz do Festival, cria uma exposição dividida em duas partes: a primeira, “Staged Bodies”, poderá ser visitada na Galeria do Teatro Municipal Joaquim Benite; já “Mar Vertical” estará no Salão das Carochas, em Almada Velha.

Para além das conversas com alguns dos criadores presentes em Almada, o Festival organiza um encontro na Casa da Cerca dedicado ao tema “A Inteligência Artificial e a criação artística”, pelas 15h de 8 de julho. Todos os dias, antes dos espectáculos da noite, haverá na esplanada da Escola D. António da Costa concertos de músicas do mundo, com entrada livre. O professor universitário italiano Franco Laera dirigirá ainda a 10.ª edição do curso de formação “O sentido dos Mestres”, dedicado este ano à produção em teatro.

O Festival de Almada é organizado pela Companhia de Teatro de Almada em parceria com a Câmara Municipal. As assinaturas — que dão entrada em todos os espectáculos — podem ser adquiridas em www.ctalmada.pt, no Teatro Municipal Joaquim Benite e nas lojas FNAC, tendo um valor de 85 euros (68 euros para o Clube de Amigos do TMJB).

Fotos: Bruno Marreiros

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