IFIGÉNIA NA TÁURIDA

de GOETHE | encenação de Luís Miguel CINTRA

22 a 26 SETEMBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL

OTeatro Municipal de Almada acolhe, entre 22 e 26 de Setembro, o Teatro do Bairro alto com a peça Ifigénia na Táurida, de Goethe, uma das encenações mais aclamadas pela crítica em 2009.
Luis Miguel Cintra dirige um elenco liderado por Beatriz Batarda, que interpreta Ifigénia, a partir da adaptação de Frederico Lourenço de um dos textos mais pungentes de Goethe. Luis Miguel Cintra sublinha a apaixonante efervescência do pensamento, representando cénicamente mais o espaço psicológico do que o local exacto da trama.

A peça, de um requintadíssimo despojamento, assenta no trabalho rigoroso de cinco actores que actuarão num cenário de Cristina Reis iluminado por Daniel Worm d’Assumpção. Beatriz Batarda regressa à Companhia para interpretar o papel titular, dirigida por Luís Miguel Cintra, que interpretará também o rei Toas. Orestes será Paulo Moura Lopes e Pílades Vítor de Andrade. José Manuel Mendes será Arcas, o mensageiro do rei.

No fim do século XVIII, momento de grandes transformações políticas e culturais na Europa, Goethe, apaixonado pela cultura grega da Antiguidade, volta a trazer para o teatro a história de Ifigénia, a filha de Agamémnon e Clitemnestra que Diana salvou da morte quando o pai a queria oferecer em sacrifício. Muitos anos viveu Ifigénia na Táurida como sacerdotisa de Diana, depois de para ali ter sido trazida pela deusa. A peça conta o dia em que seu irmão Orestes, perseguido pelas Fúrias depois de vingar a morte do pai assassinado pela mãe, chega com o amigo Pílades a essa terra de bárbaros, resgata a sua irmã do poder do rei Toas e regressa à Grécia para limpar a sua geração da maldição divina. Com a sua revisão do mito antigo, Goethe questiona em versos belíssimos o conceito de humanidade, a relação dos homens com os deuses, a tensão entre a ideia de destino e a liberdade, a condição das mulheres, e a própria noção de soberania política. É a defesa da paz, de uma nova ética, do equilíbrio do sentimento com a razão, de nova harmonia nas relações humanas, e de uma renovação das consciências.

A peça é uma mais que elaborada criação, evidente artístico artifício que dá forma a um pensamento. Mas só foi trabalhando nela que a fomos percebendo e entendendo a natureza ardente da sua aparente frieza. Foi expondo-nos sem mentira e com uma irreflectida vontade de a conhecer que a fomos conhecendo. Isso também já sabemos: só se conhece vivendo, só vive quem age, só existe quem faz. É a fazer que se pensa. Mais do que qualquer outra coisa é isso que o teatro nos dá. Foi isso que a Luiza Neto Jorge, cuja poesia tem a alma de Ifigénia, reconheceu como “fogo”, esse “fogo” que Goethe nos pedia para recriar. “A fulgurância do supremo actor/ um fio de voz a repercute/no coração de quem lhe escute/anterior às réplicas o tremor.”
Luís Miguel Cintra

Ifigénia é uma heroína cujo percurso “se faz pela doçura e pela delicadeza” e interpretá-la “foi uma experiência libertadora”.
Beatriz Batarda, in Diário de Notícias, 24.09.2009

Ifigénia na Táurida está cheia de máximas de vida, de princípios morais, de palavras que se tornam valentia, grandeza e sobretudo transformações. Estas palavras poderosas, que alternam inequivocamente as acções dos homens, saem da boca de uma mulher – e essa é uma das razões por que é impossível não pensar em feminismo face a esta peça. Não é um feminismo que defende novos direitos civis para a mulher, mas aquele que lhe atribui o papel de agente de verdade, de mudança. Aqui ela é a potencial criadora de um mundo mais humanizado e afectivo.
Cristina Margato, in Expresso (Actual), 19.09.2009

A Ifigénia que agora nos chega, na recriação de Frederico Lourenço, é uma Ifigénia moderna. (…) O que a sua recriação põe em evidência é uma concentração simultânea da história e das questões que a guiam, sem que isso perturbe a clareza de linguagem poética e dramática, que não tem, entre nós, nenhum termo de comparação. (…) Luís Miguel Cintra, José Manuel Mendes e Beatriz Batarda são exemplares na apropriação do texto e na criação de personagens cuja suma complexidade é apresentada através de um misto de emoções e serenidade que recria, como raras vezes, entre nós, o que poderá ser uma ideia de sublime.”
João Carneiro, in Expresso (Actual), 03.10.2009

Recuperar o texto de Goethe, Ifigénia na Táurida (1787) e, transportá-lo para cena, no século XXI, não é apenas um acto de audácia. É também um acto subversivo. (…) Exige do espectador o exercício, já pouco usual, de concentração no desenvolvimento de uma ideia e apela a valores tão desacreditados como “verdade” e “bondade”. (…) Exalta no espectador a confiança no teatro, na poesia e no pensamento filosófico do Ocidente, retomando um elo da história que parece quebrado, ou irremediavelmente perdido.
Rita Martins, in Público, 29.09.2009

Ifigénia é a personagem que representa a verdade, o questionamento, a libertação e Beatriz Batarda coloca muita emotividade em palco, fazendo com que a verdade da personagem passe a ser a sua verdade, enquanto a representa.
Jornal Semanário, 16.10.2009

Ficha Técnica
Recriação poética Frederico Lourenço
Encenação Luis Miguel Cintra
Cenário e Figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Daniel Worm D’Assumpção
Interpretação Beatriz Batarda (Ifigénia), José Manuel Mendes (Arcas), Luis Miguel Cintra (Toas), Paulo Moura Lopes (Orestes) e Vítor de Andrade (Pílades).

22 a 26 SETEMBRO, 2010 | SALA PRINCIPAL | M/12

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