“Havia espaço nos jornais para debater o teatro”

Nas Conversas do último sábado discutiu-se o Star system em ‘Cacha alta’, com a actriz Io Appolloni e o investigador Pedro Cerejo, moderados pela jornalista Catarina Neves.

O investigador Pedro Cerejo começou por expor o seu trabalho de investigação, debruçou-se sobre o período de 1971 a 1981: o final do Estado Novo, o 25 de Abril e a consolidação democrática. Fez uma exposição apoiada em jornais explicando o papel da censura. Demorou-se no Diário de Lisboa, salientando a importância que jornalistas, críticos, e mesmo jornalistas desportivos davam ao teatro. Referiu a importância de Joaquim Benite na divulgação e debate do teatro nos jornais.

Io Appolloni falou-nos do seu percurso em Itália onde nasceu e estudou e fez o primeiro filme com o realizador Pasolini, depois foi convidada para ir para Espanha, estreou-se como cantora em Gibraltar e a seguir foi convidada para trabalhar em Portugal. Elogiou a sensibilidade do Empresário Vasco Morgado, falou-nos do grande êxito que foi o espectáculo O vison voador, e da relação apaixonada com o Camilo de Oliveira, que quase levou a que fosse extraditada de Portugal. A Pide fez-lhe um ultimato para abandonar o país em 48h. Mas ficou e declara que adora Portugal, chegou em 1965, ainda não tinha 20 anos, está cá há 58 anos e diz que “ninguém a tira de aqui”. Ainda disse que “na altura, depois da estreia, não conseguíamos ir dormir, ficávamos à espera até às 6h da manhã para comprar o jornal e ler a crítica do Carlos Porto”.

No sábado, dia 6 de Maio, às 18h, no foyer do TMJB, vamos debater No tempo dos empresários, com José Alves Mendes, jornalista, e Gonçalo Antunes de Oliveira, investigador. A moderação é de Eugénia Vasques.

Consulte aqui o programa completo das Conversas com o Público, intitulado Music-Hall à portuguesa, a propósito do espectáculo Music-Hall em cena no TMJB

Eugénia Vasques (moderadora)
(n. Coimbra 1948). Professora-Coordenadora, jubilada, da Escola Superior de Teatro e Cinema. Investigadora sobre teatro no CIAC/Universidade do Algarve. Membro: da revista HUMANITAS; da Revista Faces de Eva: Estudos sobre as Mulheres; do Concelho Científico dos Cadernos do Arquivo Municipal de Lisboa; do PEN CLUBE Portugal; perita da A3ES.

Gonçalo Antunes de Oliveira
É investigador do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa). Especializado em Estudos Históricos e Culturais em Música, desenvolve investigação no âmbito da Indústria do Espectáculo e a sua relação com o Teatro de Revista, o mundo empresarial e a cidade de Lisboa. O seu trabalho é divulgado junto da comunidade científica e não científica, por via de projectos de investigação, publicações, documentários, entre outros.

José Alves Mendes
Nasceu em 1962 (61 anos). Jornalista desde 1979. Repórter, redactor e crítico em publicações como Se7e, Êxito, Semanário e Expresso (1988-2010), entre meia dúzia de outros títulos. Autor dos documentários televisivos É p’ra Rir! O que é feito do Teatro de Revista? (2012) e O Estranho Caso do Mário de Sá-Carneiro (2016).

in CTA 29 Abr 2023