Graça Corrêa estreia ‘selvagens’

Nem Lula resolve o problema sozinho

Ana Maria Ribeiro in Correio da Manhã, 12 jul 2003

Se o presidente brasileiro Lula da Silva pudesse ficar mais um dia em Portugal, teria oportunidade de ver “Selvagens”, a peça de Christopher Hampton que nos fala do massacre dos índios da Amazónia e da destruição progressiva da floresta tropical brasileira, e que tem estreia marcada para esta noite, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém.

Graça Corrêa assina a encenação mas diz-nos que o texto não avança qualquer solução para o problema amazónico. “Se calhar, nem o Lula pode resolver esta situação. Mesmo que, utopicamente, tivesse essa vontade, não sei se seria capaz de lutar contra os interesses envolvidos…”

Com uma equipa de luxo – de onde se destacam os nomes de António Rama, Cristina Carvalhal e Luís Gaspar – o espectáculo tem o objectivo de alertar as consciências para as grandes causas.

“O texto fala-nos da destruição do Homem pelo Homem, em função do lucro”, diz o actor António Rama (de “O Olhar da Serpente”). “Acho que vai interessar toda a gente que se preocupa com a ecologia e com os direitos humanos.” E Cristina Carvalhal acrescenta: “O texto questiona as pessoas sobre o tipo sociedade que estamos a construir. É isto que queremos para o futuro?”

“Selvagens”, que foi montado e estreado sem um tostão do Ministério da Cultura (porque os subsídios ainda não foram pagos), estará em cena até dia 21, mas o elenco – de que ainda fazem parte Adriano Carvalho, Carlos Aurélio, João Craveiro e Gonçalo Portela – admite que fez das tripas coração para levar o projecto avante.

“Mesmo que esta situação com o Ministério da Cultura piore, o teatro não vai acabar”, afirma Carlos Aurélio. “Sei que o nosso futuro enquanto profissionais de teatro está tão ameaçado como os dos índios, mas por nada deste mundo desistiremos”.

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