Festival de Almada pode não se realizar este ano “para não degradar uma marca”

Perante o corte de 110 mil euros por ano proposto pelo júri dos concursos da DGArtes, a Companhia de Teatro de Almada diz que está em causa a 35.ª edição do mais importante festival de teatro português, que deveria decorrer entre 4 e 18 de Julho.

Inês Nadais in Público, 05 Abr 2018 

Confrontada no final da semana passada com a proposta de decisão do júri para a área do teatro dos concursos de apoio às artes, a Companhia de Teatro de Almada (CTA) preferiu esperar alguns dias e pedir à DGArtes acesso a documentação adicional antes de equacionar a situação sem paralelo no seu historial, “anos da troika incluídos”, que esta quarta-feira admitiu ao PÚBLICO: mesmo sendo a mais financiada das estruturas apoiadas pelo Estado no âmbito do Programa de Apoio Sustentado para o quadriénio 2018-2021, o corte de 110 mil euros/ano com que agora se depara, e que a deixa com uma verba anual de 289 mil euros, “põe em causa a realização da próxima edição do Festival de Almada”, diz o director da companhia, Rodrigo Francisco.

Ponderadas as consequências que o corte de 110 mil euros poderá ter sobre uma temporada em que já teve em cena uma produção (Nathan, o Sábio, com encenação de Rodrigo Francisco) e se prepara para estrear outra (A Morte de um Caixeiro-Viajante, com encenação de Carlos Pimenta), também a CTA decidiu vir publicamente anunciar que só uma correcção dos resultados do concurso poderá viabilizar a 35.ª edição do festival, que deveria decorrer de 4 a 18 de Julho. “Toda a nossa actividade para este ano está apresentada e contratada – e há 700 pessoas que compraram um passe geral para acompanhar a temporada e com quem não pretendemos quebrar a nossa relação. A redução no financiamento teria de inevitavelmente de incidir sobre o festival, mas é difícil encaixar um corte de 110 mil euros tão em cima da hora, pelo que é a própria realização do festival que está em causa. Não podemos correr o risco de apresentar uma programação que não cumpra os níveis mínimos de qualidade – o Festival de Almada é uma marca que não podemos deixar degradar de forma nenhuma”, argumenta Rodrigo Francisco.

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