Festival de Almada celebra 40 anos de existência em Julho

A apresentação da programação, desta edição de data redonda, decorreu hoje, 16 de Junho, na Casa da Cerca

Sofia Quintas in Almada online 16 Junho 2023 | notícia online

O Festival de Almada celebra a sua 40.ª edição de 4 a 18 de Julho, com alguns dos mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais. Vinte espectáculos de teatro, dança e novo circo (oito portugueses, doze estrangeiros) serão apresentados em nove palcos de Almada (Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense) e Lisboa (Centro Cultural de Belém). Este ano haverá companhias de teatro vindas de Portugal, Espanha, Suíça, Itália, Israel, França, Alemanha e Bélgica.

A programação de 2023 conta com criações dirigidas por alguns encenadores já conhecidos do Festival, como é o caso do alemão Peter Stein, ou do inglês Declan Donnellan, que abordam dois textos basilares da dramaturgia universal. Também de regresso está a Schaubühne de Berlim, desta vez com uma encenação do suíço Milo Rau, ao passo que a Batsheva Dance Company (pela primeira vez no Festival) apresenta uma peça do seu coreógrafo residente: o israelita Ohad Naharin. Também pela primeira vez em Almada estarão os coreógrafos Martin Zimmermann e Yoann Bourgeois (da Suíça e de França, respectivamente), assim como o colectivo francês Galactik Ensemble.

Entre as criações portuguesas, focadas na dramaturgia nacional contemporânea, contam-se duas estreias — pela Companhia de Teatro de Almada, e pelo Teatro Griot / Artistas Unidos —, bem como peças do Teatro Nacional São João, do Teatro do Vestido, da Formiga Atómica, e de Rui M. Silva. O Teatro Experimental de Cascais apresenta o Espectáculo de Honra 2023, votado pelo público na edição anterior para regressar este ano.

O Festival recebe ainda peças de criadores com raízes fora da Europa, como é o caso da encenadora e actriz libanesa Hanane Hajj Ali, e do actor e encenador francês, de origem argelina, Abdelwaheb Sefsaf. Companhias como as dos catalães Els Joglars e dos belgas Raoul Collectif, assim como o criador galego Pablo Fidalgo, são também já conhecidos do público de Almada, regressando com novas criações.

Na sua 40.ª edição, o Festival de Almada homenageia o actor e encenador João Mota, fundador da Comuna –Teatro de Pesquisa. O professor universitário italiano Franco Laera dirigirá a 10.ª edição do curso de formação. O sentido dos Mestres, dedicado este ano à actividade de produção em teatro. O artista plástico Noé Sendas é o autor do cartaz do Festival.

Para além das conversas com alguns dos criadores presentes em Almada, o Festival organiza um Encontro da Cerca dedicado ao tema A Inteligência Artificial e a criação artística. Todos os dias, antes dos espectáculos da noite, haverá na Esplanada da Escola D. António da Costa concertos de músicas do mundo, com entrada livre.

“Acordem, venham connosco, percebam o que estamos a fazer”, lembrou hoje durante a apresentação do festival, o homenageado deste ano, João Mota, com 65 anos de teatro, 35 ligados ao ensino da desta arte. “Valeu e continua a valer a pena”, acrescentou o ator e pedagogo.

“Num tempo no qual somos cada vez mais seduzidos por uma certa desmaterialização, cá estaremos para organizar, contabilizar, desenhar, construir, produzir, montar, transportar, cozinhar, acolher, servir, debater, traduzir, publicar e representar”, resumiu o director Rodrigo Francisco.

A cidade, o festival e o público cresceram juntos. Nestes 40 anos foi-se “construindo um incomensurável património emocional e afectivo», disse Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada. Continua a ser “no palco onde se rompe a solidão e o silêncio, onde se pensa e se constrói a sociedade, onde se interroga o passado e se constrói o futuro.”

As Assinaturas — que dão entrada em todos os espectáculos — podem ser adquiridas em ctalmada.pt, no Teatro Municipal Joaquim Benite, e nas lojas FNAC, tendo um valor de 85€ (68€ para o Clube de Amigos do TMJB).

O orçamento desta edição é de 606.247€, dos quais 452.471€ provêm das subvenções do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Almada, e 153.776€ constituem receitas próprias da Companhia de Teatro de Almada.

O Festival de Almada é organizado pela Câmara Municipal de Almada e pela Companhia de Teatro de Almada.

Peter Stein, Declan Donnellan

A corrente do ‘teatro da palavra’, ancorado na literatura, está este ano representada por dois encenadores que têm dedicado as suas carreiras à montagem de algumas das peças seminais da dramaturgia universal. Peter Stein — o decano encenador alemão, mundialmente aclamado, que já apresentou no Festival montagens de textos de Beckett (A última gravação de Krapp, protagonizado por Klaus Maria Brandauer), Labiche (O prémio Martin) ou Pinter (O regresso a casa) — traz-nos este ano O aniversário, também de Harold Pinter, um espectáculo que conta com Maddalena Crippa no elenco. Declan Donnellan apresentou no Palco Grande em 2014 uma encenação inesquecível do Rei Ubu, de Alfred Jarry, e regressa nesta edição com a montagem de um dos mais célebres clássicos do siglo de oro: A vida é sonho, de Calderón de la Barca, numa produção da Compañía Nacional de Teatro Clásico.

O aniversário, por Peter Stein

Para os ensaios desta criação — que a imprensa italiana apontou como sendo provavelmente a sua última — Stein reuniu, durante um mês e meio, o seu elenco numa propriedade rural, com o objectivo de “criar uma comunidade artística, capaz de estabelecer um verdadeiro contacto com essa outra comunidade que é o público”. O aniversário reúne duas figuras de proa do teatro europeu das décadas de 60 e 70 do século XX: o encenador Peter Stein, fundador da Schaubühne de Berlim, e o dramaturgo Harold Pinter, Nobel da Literatura 2005.

Escrita em 1957, quando Pinter tinha apenas 27 anos, O aniversário é conhecida como uma ‘comédia de ameaça’, situada entre o cómico e o trágico. Hoje em dia é uma das suas peças mais representadas, apesar de ter fracassado inicialmente. Uma honrosa excepção a essa primeira reprovação geral foi a do crítico Harold Hobson, que no dia seguinte à estreia do texto escreveu no Sunday Times que “Pinter é detentor do talento mais original, inquietante e convincente do teatro londrino. Ainda havemos de ouvir falar muito, tanto dele como desta sua peça”. Devedora de Kafka, Joyce, Dostoievski, Hemingway e (sobretudo) Beckett, a obra de Pinter tem suscitado tanto interesse que já foi inclusive cunhado um adjectivo para se lhe referir. ‘Pinteriano’ ilustra, segundo Stein, “as tais pausas que Tchecov tanto cultivou, esses silêncios durante os quais acontecem as coisas mais terríveis”.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Quarta 12 às 22h00

©DR / O aniversário é conhecida como uma ‘comédia de ameaça’, situada entre o cómico e o trágico.

A vida é sonho, por Declan Donnellan

O encenador Declan Donnellan e o cenógrafo Nick Ormerod fundaram em 1981 a companhia Cheek by Jowl. Baseada em Inglaterra, esta estrutura acabou por ganhar um alcance internacional, tendo já montado espectáculos com elencos franceses, russos e italianos. Desta vez, a dupla de criadores ingleses aportou em Espanha, para dirigir A vida é sonho, de Pedro Calderón de la Barca. Donnellan — autor do livro de formação para actores The actor and the target — descreve da seguinte forma a sua abordagem àquela que será, porventura, a obra mais célebre do siglo de oro espanhol: “Um príncipe acorrentado a uma montanha. Uma jovem disfarçada de homem em busca de vingança: revolução, amor, assassinato. Será que a realidade é mesmo real? Ou tudo não passa de um sonho? Os clássicos perduram porque tratam do agora — hoje como há quatrocentos anos. Fazer ou ser? Calderón demonstra-nos que o nosso principal terror não é a morte, mas a própria existência em si mesma”.

Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Principal) | Segunda 17 às 21h30 | Terça 18 às 19h00

©Javier Naval / ” Os clássicos perduram porque tratam do agora, hoje como há quatrocentos anos.”

Schaubühne e Batsheva no CCB

O Centro Cultural de Belém acolhe duas das mais prestigiadas estruturas de criação do Mundo no campo do teatro e da dança: respectivamente, a Schaubühne de Berlim, que já foi dirigida por Peter Stein, e a Batsheva Dance Company, de Telavive, que já foi dirigida por Martha Graham. Conhecida do público do Festival graças aos espectáculos de Thomas Ostermeier (Disco Pigs, 2002; Oedipus, 2022) e Katie Mitchel (Menina Júlia, 2015), a Schaubühne am Lehniner Platz regressa este ano com uma criação assinada pelo suíço Milo Rau, que no Pequeno Auditório do CCB faz com que o teatro dialogue com o vídeo. A interpretação fica a cargo de uma das mais aclamadas actrizes do elenco da companhia alemã: Ursina Lardi. Também detentora de um ensemble numeroso, que conta com mais de quarenta bailarinos originários de Israel e de todo o Globo, a Batsheva Dance Company traz ao Grande Auditório do CCB a mais recente criação de Ohad Naharin, que é de há 20 anos a esta parte o seu coreógrafo residente.

Everywoman, por Milo Rau

Em 2021 o Festival de Salzburgo propôs a Milo Rau que encenasse Jedermann (que pode traduzir-se por Todos os homens), de Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), uma peça anualmente revisitada por numerosos artistas convidados pelo certame. Mas a Rau, que se tem dedicado ao teatro documental, não lhe interessava montar essa alegoria, na qual um homem rico é visitado pela morte. O que ele queria mesmo era voltar a trabalhar com uma actriz do elenco residente da Schaubühne, Ursina Lardi, que considera a melhor intérprete de teatro em língua alemã. E é neste ponto que surge uma missiva que essa intérprete recebera em meados do ano anterior.

Em 2020 está-se em confinamento. Os teatros de Berlim estão fechados. E Ursina Lardi recebe uma carta. É de Helga Bedau, uma admiradora do seu trabalho. Nada de muito novo. O que chama a atenção da actriz para a história desta espectadora é ela revelar-lhe que tem um cancro no pâncreas e que já não lhe resta muito tempo. Custa-lhe viver, para mais confinada em casa. Sofre por não poder ir ao teatro. Revela que na juventude participara como figurante num Romeu e Julieta. É justamente esse o seu último desejo: voltar a pisar um palco.

Centro Cultural de Belém (Pequeno Auditório) | Sábado 15 às 21h00 | Domingo 16 às 19h00

©Armin Smailovic / Ursina Lardi recebe uma carta durante a pandemia

MOMO, por Ohad Naharin

MOMO é o acrónimo de “Magic Of Missing Out”, isto é, “a magia da perda”. Mas será mesmo disso que se trata? Ohad Naharin (n. 1952), para além de ser um coreógrafo aclamado internacionalmente, é também um apaixonado pela arte da ironia. Gosta de inventar histórias, como a do irmão que nunca teve. E desde 2019 que não estreava uma criação com a sua Batsheva Dance Company. Passada a pandemia, para a criação desta nova peça inspirou-se no álbum Landfall, que Laurie Anderson gravou com o Kronos Quartet, e pediu aos seus 18 bailarinos que se deixassem levar completamente pelas suas emoções, ficando “habitados” por elas. Para o jornal The Jerusalem Post, “é difícil descrever esta nova criação, e essa será porventura uma marca das obras-primas: serem impossíveis de descrever e, portanto, de visionamento obrigatório”.

Centro Cultural de Belém (Grande Auditório) | Quinta 13 às 21h00 | Sexta 14 às 18h30 e às 21h00

©Ascaf / MOMO ou a Magia da Perda

Dança e Novo Circo

Os coreógrafos Yoann Bourgeois e Martin Zimmermann são duas figuras de proa da cena europeia contemporânea, inscrevendo-se numa disciplina artística habitualmente designada como ‘novo circo’, mas que na verdade é difícil de catalogar, consistindo no cruzamento do teatro com a dança, a música e a acrobacia. Os seus espectáculos incluem, invariavelmente, uma forte componente visual. Ambos são criadores e intérpretes que têm obtido reconhecimento pelos seus percursos de excelência: Bourgeois foi descrito pelo New York Times como “um dramaturgo do corpo”, e Zimmermann recebeu recentemente o Grande Prémio Suíço das Artes Performativas.

O primeiro traz a Almada Minuit, ao passo que o segundo nos propõe Eins, zwei, drei, um ‘cabaret-punk’ no qual o bailarino português Romeu Runa irrompe literalmente do chão e acaba encerrado num cubo de acrílico.

Por outro lado, o colectivo francês Galactik Ensemble — pela primeira vez no nosso País — é constituído por um conjunto de acrobatas formados na Escola Nacional de Artes do Circo, de Rosny-sous-Bois. Mais do que o novo-circo em si mesmo, o ponto de partida para a criação de Optraken consistiu numa “reflexão sobre o Homem e a relação que desenvolve com um meio hostil”.

Minuit, por Yoann Bourgeois

Será possível contracenar com uma cadeira? E obter gravidade zero num palco de teatro? Poderá uma cama elástica soar como um xilofone, quando lhe saltamos em cima? Em Minuit — uma criação de 2014 e cujo sucesso tem levado a que seja mantida em digressão desde essa altura — Yoann Bourgeois demonstra que sim, que tudo isso é possível, desde que estejamos dispostos a simultaneamente acreditar e duvidar daquilo que os nossos olhos vêem. Um bailarino pode mover-se como uma cadeira desarticulada; pode flutuar em cena como se estivesse no espaço; e pode fazer tilintar os elásticos de um trampolim. Basta que nos deixemos levar pelas “reticências” que, segundo o coreógrafo francês, foram o ponto de partida para esta sua criação. Minuit consiste numa série de números de novo-circo.

Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Principal) | Quinta 13 às 21h30 | Sexta 14 às 19h00

Eins zwei drei, por Martin Zimmermann

O universo do absurdo, a magia e o humor são as linhas com que se cose o trabalho de Martin Zimmermann. Nas suas peças somos confrontados com mundos desconhecidos, extravagantes, habitados por objectos bizarros. O coreógrafo costuma convocar para a cena elementos que já existem na realidade, mas que nos transpõem para um universo paralelo, no qual já nada é o que parecia ser. Zimmermann gosta de subverter os códigos estabelecidos, e de pôr em causa todas e quaisquer certezas. Revela-nos o que é invisível e inverosímil, incitando-nos a reflectir sobre essas tais coisas que nem sequer nos tinham passado pela cabeça.

A origem de Eins zwei drei [Um dois três] conta-se rapidamente: convidado para criar uma performance num museu, Zimmermann acabou por confrontar-se com a impossibilidade de poder sequer trabalhar. Ali tudo era “perigoso” e “proibido”. Na verdade, constatou o coreógrafo, num museu está-se rodeado — mais do que de obras de arte — de objectos que valem muito dinheiro, e que é imperioso, sobretudo, preservar.

Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Principal) | Domingo 9 às 21h30 | Segunda 10 às 19h00

©Nelly Rodriguez / O universo do absurdo, a magia e o humor

Optraken, pelo Galactik Ensemble

Na gíria do esqui, op traken refere-se à posição de estar preparado face ao perigo. Consiste num movimento rápido de flexão dos joelhos, que permite dar um pequeno salto controlado quando se passa inesperadamente por cima de uma protuberância de neve na pista. Significa ‘ficar em guarda’ e ‘alerta’, portanto. Então, neste espectáculo esse estado de tensão é constante por parte dos cinco acrobatas/actores durante os 60 minutos em que estão em cena — e que passam a voar. A relação dos corpos com o exterior — nomeadamente com ambientes hostis e, não poucas vezes, ameaçadores —, bem como a forma inesperada (e bem-humorada) de ultrapassar dificuldades sucessivas, foram os princípios que estiveram na origem desta criação. Mas atenção, porque essas dificuldades podem não ser só ‘físicas’: tectos que nos desabam em cima, bolas de ténis disparadas de todos os lados, um saco gigante que nos embrulha e nos deixa pendurados a quatro metros de altura… As dificuldades com que nos deparamos podem também passar, por exemplo, por poder exprimir uma opinião.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Sexta 14 às 22h00

©N. Martinez / Um espectáculo sempre em tensão

Estreias no Festival

A 40.ª edição do Festival de Almada conta com duas estreias: a Companhia de Teatro de Almada apresenta Calvário, com texto e encenação de Rodrigo Francisco; e o Teatro GRIOT, em co-produção com os Artistas Unidos, leva à cena uma adaptação de Ventos do apocalipse, de Noé João, a partir do romance da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Ao passo que Calvário utiliza o mecanismo do ‘teatro dentro do teatro’ para nos contar o ‘naufrágio colectivo’ de um grupo que está a tentar montar a peça Minetti, de Thomas Bernhard, Ventos do apocalipse invoca o cenário dantesco da guerra civil moçambicana, que Chiziane descreve no seu romance de uma forma, segundo Noé João, “dantesca e boscheana”.

Calvário, por Rodrigo Francisco

Rodrigo Francisco monta o seu quinto texto original na Companhia de Teatro de Almada. Em Calvário, um teatro público está a ensaiar o mais célebre texto de Thomas Bernhard: Minetti. Mas o actor contratado para o papel do protagonista não foi uma primeira escolha — nem a segunda, nem a terceira. Só que a mitomania e pesporrência deste actor, uma ‘velha truta’, fazem dele uma espécie de duplo de Minetti, o intérprete shakespeareano criado por Bernhard, que espera debalde no hall de um hotel em Ostende pelo director de um teatro que lhe prometeu nada mais nada menos do que um papel de Lear. Acontece que o encenador deste Minetti parece não ter grande interesse pela peça; os restantes actores do elenco não estão satisfeitos com os papéis que lhes foram distribuídos; o assistente pessoal do velho actor defende o seu ‘Mestre’ empedernidamente; o assistente de encenação indigna-se com determinadas tiradas do texto; e uma intérprete de língua gestual vai assistindo, perplexa, ao que ameaça vir a tornar-se num grande naufrágio colectivo. Ou num ‘calvário’, melhor dizendo, que é como os actores antigos chamavam às falas de que se esqueciam repetidamente nos ensaios — e não só.

Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Experimental) | Dias 5, 7, 11 e 15 às 21h30 | 8 e 16 de Julho às 19h00

Ventos do apocalipse, por Noé João

A escritora moçambicana Paulina Chiziane (n. 1955) foi a primeira mulher do seu país a publicar um romance. Com Balada de amor ao vento, que editou em 1990 a propósito do tema da poligamia, encetou uma carreira que conta actualmente com mais de dez obras publicadas, pelas quais recebeu o Prémio José Craveirinha de Literatura (2003), o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2013) e o Prémio Camões (2021).

Ventos do apocalipse, publicado em 1993 e tendo a guerra civil moçambicana como pano de fundo, aborda conceitos como a destruição, a miséria, o sofrimento, o ódio, a superstição e a morte. Para Noé João (o encenador angolano que realizou a dramaturgia e encena esta criação), é importante abordar “a questão da memória, reflectida no corpo e na expressão do actor”.

Cine-Teatro da Academia Almadense | Sexta 7 às 21h30 | Sábado 8 e Domingo 9 às 15h00

Criação Contemporânea Portuguesa

Com a apresentação de textos originais de Pedro Mexia, Joana Craveiro, Miguel Fragata / Inês Barahona, e Afonso Cruz, nesta 40.ª edição do Festival de Almada a dramaturgia portuguesa contemporânea conta com uma representação diversificada das várias correntes do teatro que se faz em Portugal. O Teatro Nacional São João traz-nos Suécia, de Pedro Mexia, com encenação de Nuno Cardoso, cujo ponto de partida consistiu no fascínio de Mexia por este país nórdico; Joana Craveiro e o seu Teatro do Vestido propõem-nos uma ‘viagem ao tempo das cassetes’, com Aquilo que ouvíamos, um espectáculo sobre a cultura musical alternativa dos anos 80/90, que estreou no Lux/Frágil e foi considerado pelo Expresso como o terceiro melhor do ano 2021; a dupla Miguel Fragata e Inês Barahona, com a sua Formiga Atómica, repõem Montanha-russa, um dos êxitos de 2018, com música ao vivo dos Clã Helder Gonçalves e Manuela Azevedo; e, finalmente, o actor Rui M. Silva interpreta a solo um texto de Afonso Cruz intitulado A equipa, uma história de auto-ficção sobre a amizade e a camaradagem de um grupo de jovens jogadores de basquetebol.

Suécia, por Pedro Mexia

“Na Suécia, dizem que não é preciso distanciamento social, porque isso é ser sueco”. É público e notório o fascínio do escritor Pedro Mexia por este país escandinavo. Suécia – obra que marca a sua estreia como dramaturgo – joga com a suspeita de que todos temos ‘uma certa ideia’ da Suécia. Uma mitologia controversa, digamos: o país ‘metafísico-angustiado’ dos filmes de Bergman, o paraíso (perdido?) da social-democracia, mas também a pátria do infernal Strindberg ou dos açucarados ABBA.

A peça transporta-nos para o rescaldo das eleições de Setembro de 1976, que ditaram o fim de meio século ininterrupto de governação do Partido Social-Democrata. As eleições coincidem com o casamento de Monika, filha de Egerman, um intelectual sexagenário e amargo, ‘retirado do Mundo’, que não esconde o seu contentamento com o fim desse consulado. Suécia é um lugar onde se discute sobre a ideia de futuro, o fim das ilusões, as boas intenções. Um lugar onde as linhas de demarcação do político e do íntimo se tornam indistintas.

Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Principal) | Quarta 5 às 21h30 | Quinta 6 às 19h00

Aquilo que ouvíamos, por Joana Craveiro

“Era um tempo em que havia tempo”: eis o mote que desponta, aqui e ali, por entre os temas punk/rock tocados ao vivo pelos Loosers. Neste Aquilo que ouvíamos — o espectáculo em que os membros do Teatro do Vestido resolveram “apontar o microfone para si próprios” — a invocação desse tal tempo é uma constante. Estamos em Portugal, nas décadas de 80/90, quando “sermos poucos era essencial”, especialmente no que dizia respeito à música que se ouvia: nesse tempo (lá está) a identidade era assim construída.

Se nas criações desta companhia é habitual que nos apontem livros, desta vez somos confrontados com um verdadeiro ‘relicário’: bilhetes e cartazes de concertos, capas de álbuns em vinil, t-shirts de grupos musicais, alfinetes de ama, anéis feitos de parafusos e, como não podia deixar de ser, cassetes.

João Carneiro, no Expresso, sublinhou que “este é um espectáculo sobre memórias, sobre a história de umpaís e de um tempo, e sobre afectos. Com o fôlego e a capacidade criativa que fazem de Joana Craveiro um caso único no teatro português, Aquilo que ouvíamos é um espectáculo incrível e surpreendente, é um concerto rock”.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Quinta 6 às 22h00

©João Paulo Serafim / Portugal nas décadas de 80/90 “num tempo em que havia tempo”

Montanha-russa, por Miguel Fragata e Inês Barahona

No documentário intitulado Canção a meio, realizado por Maria Remédio, aborda-se o processo de criação de Montanha-russa: apostados em criar um musical sobre a adolescência, em 2017 Inês Barahona e Miguel Fragata colocaram uma urna no átrio no Teatro Nacional D. Maria II e pediram aos espectadores que lhes cedessem, anonimamente, os seus diários de juventude. O espectáculo seria criado a partir desses testemunhos íntimos — e assim foi.

As quatro narrativas com que se constrói este texto são, portanto, inspiradas em figuras reais, colocadas num arco temporal que se estende dos anos 70 até aos nossos dias. Estas quatro personagens viveram, em épocas diferentes, essa ‘montanha-russa’ de emoções que é a adolescência, tão dada a ‘uma certa forma exacerbada de sentir’. Inês Barahona sublinha ainda que “nesses diários subjaz uma tensão permanente entre o desejo de segredo e o desejo de ser lido”.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Segunda 10 às 22h00

©Filipe Ferreira / Um texto a partir de quatro narrativas reais

A equipa, por Rui M. Silva

Um homem vestido para treinar, um ciclorama e um linóleo brancos, uma tabela de basquetebol, um banco corrido: somos recebidos num ambiente espartano. O que está em causa n’A equipa, a criação para a qual Rui M. Silva encomendou um texto a Afonso Cruz, são de facto as palavras — e as emoções. A este tipo de textos e de espectáculos chama-se habitualmente ‘auto-ficção’. Alguém conta a sua própria história: episódios biográficos que são tratados de forma a estabelecer pontos de contacto com quem passa a conhecê-los. Afinal, os seres humanos sempre terão mais coisas em comum do que o que julgam. Mas o que distingue A equipa de outras peças que se inscrevem nesta corrente é a emoção que o seu intérprete emprega na forma como nos conta a sua história. Por vezes tem até de parar. O público compreende. Aplaude. Ele sai de cena para beber água e regressa.

Incrível Almadense | Sábado 15 às 17h00 e às 21h30 | Domingo 16 às 16h00 | Segunda 17 às 21h30

Dois Olhares Árabes

Dois espectáculos com raízes árabes marcam presença nesta edição do Festival: partindo do mito de Medeia, a libanesa Hanane Hajj Ali aborda a condição feminina no seu país, ao passo que o franco-argelino Abdelwaheb Sefsaf nos conta a história do seu pai, imigrado aos 16 anos para França. A ‘artivista’ Hanane Hajj Ali é, na descrição do jornalista Thierry Savatier, “uma mulher de 65 anos, árabe, mãe, xiita, actriz, que usa véu mas emana liberdade”. Abdelwaheb Sefsaf, com formação teatral e musical, fundou a Compagnie Nomade in France para dar voz a um teatro que atravessasse várias idades, culturas e tradições: foi nomeado recentemente para a direcção do Théâtre de Sartrouville, um Centro Dramático Nacional.

Jogging, por Hanane Hajj Ali

“Jogging é um ‘texto bastardo’ cuja apresentação nas salas de espectáculos convencionais a censura do meu país não autorizaria, devido aos temas que levanta: fala, entre outras coisas, de mulheres que mataram os próprios filhos”. Hanane Ali teve a ideia para esta criação em 2012, durante as suas sessões de jogging pré-matinais. Nessa altura a criadora vivia obcecada pela figura de Medeia: “Como é que uma mulher pode assassinar os próprios filhos? Não pode, claro”.

Até que um dia é diagnosticado um cancro ao seu filho mais novo. Hanane teve então um sonho: que o asfixiava, para o salvar. Despertou, sobressaltada. Mas esse sonho não mais a largou durante as suas corridas por Beirute, com a cidade ainda meio adormecida. Estava concebido um espectáculo “brutal, sombrio e notavelmente interpretado” (I/O, França); “gloriosamente imprevisível e empolgante” (The Skinny, Escócia); “com um ritmo soberbo e uma interpretação corajosa” (Arts Equator, Singapura); “engraçado, irónico, mas também cruel” (American Theatre, EUA).

Incrível Almadense | Sexta 7 às 21h30 | Sábado 8 às 18h00 | Domingo 9 às 15h00 e às 21h30

©Marwan Tahtah / Um espectáculo baseado num sonho sombrio

Ulisses de Taourirt, por Abdelwaheb Sefsaf

Descendente de imigrantes argelinos em França, Abdelwaheb Sefsaf resolveu contar a história dos seus pais — que é também, em certa medida, a história das várias comunidades de migrantes que participaram na reconstrução desse país no pós-guerra, entre as quais a portuguesa. Depois de criar um espectáculo sobre a sua mãe, o actor, músico e encenador debruça-se agora sobre a figura do seu pai, um verdadeiro Ulisses de Taourirt, a aldeia argelina onde nasceu.

Mais do que um concerto/espectáculo cronológico, Ulisses de Taourirt traça uma espécie de História Universal do Subúrbio, “um mundo à parte, um paraíso tornado gueto, onde não faltava amor, nem pão, nem esperança”.

Na verdade, Abdelwaheb Sefsaf cresceu nos arredores de Saint-Étienne nos anos 80, mas aquilo que relata acerca da construção de identidade, da relação com outras comunidades, e do equilíbrio periclitante entre a educação familiar e o tentador ‘canto das sereias’ aplica-se em grande medida a muitas outras vidas, vividas em muitos outros subúrbios.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Domingo 16 às 22h00

©Ra² / Uma história universal do subúrbio

Regressos a Almada

Três criações desta 40.ª edição constituem outros tantos regressos a Almada, por parte de companhias e de criadores cujos percursos os espectadores do Festival vêm acompanhando ao longo dos anos.

Os catalães ElsJoglars causaram sensação em 2000 com um espectacular Daaalí, e regressaram nos anos seguintes com Elretablo de las maravillas e En un lugar de Manhattan — encenações de Albert Boadella, que dirigiu a companhia desde a sua fundação até 2012, quando passou o testemunho a Ramon Fontserè.

O dramaturgo e encenador galego Pablo Fidalgo trouxe em 2017 ao TMJB o monólogo Habrás de ir a la guerra que empieza hoy, com Cláudio da Silva: o espectáculo tinha sido considerado em 2015 como o melhor do ano pelo jornal Público.

Finalmente, os belgas do Raoul Collectif — Romain David, Jérôme de Falloise, David Murgia, Benoît Piret e Jean-Baptiste Szézot — trazem-nos mais uma criação “colectiva e iminentemente democrática”, depois de em 2017 terem apresentado no Palco Grande Rumor e alvoradas, que punha em cena uma versão personificada da própria TINA — a sigla de ‘There Is No Alternative’.

Valha-nos Aristófanes!, por Ramon Fontserè

Quando os cómicos se zangam podem ter muita piada. É nesta premissa que assenta Valha-nos Aristófanes!, dos Els Joglars, que existem há mais de 60 anos: são a mais antiga companhia privada do teatro europeu. Desta vez, o grupo socorre-se de Aristófanes para se defender do chamado ‘cancelamento cultural’ que se vem fazendo sentir na Europa, proveniente do mundo anglo-saxónico. A dada altura assistimos inclusive à encenação do ‘regresso do Mayflower’: o barco no qual os colonos puritanos ingleses desembarcaram em 1620 na América.

Sobre a figura do comediógrafo ateniense, os Joglars revelam que “temos baseado o nosso percurso na arte de Aristófanes. Vinte e cinco séculos depois, este autor continua a ser um símbolo libertário. Com este espectáculo, reivindicamos a liberdade da arte face às ameaças de uma sociedade ultra-protectora”.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Terça 4 às 22h00

©DR/ Els Joglars existem há mais de 60 anos e são a mais antiga companhia privada do teatro europeu.

A enciclopédia da dor. Tomo I: Isto que não saia daqui, por Pablo Fidalgo

Em 2021 o dramaturgo e encenador galego Pablo Fidalgo deparou com uma fotografia da fachada do colégio onde estudara — o Seminário dos Maristas, em Vigo — na capa do El Pais: alguns ex-alunos quebravam o peso de várias décadas de silêncio e denunciavam os abusos sexuais de que haviam sido vítimas nos anos 60. O efeito desta revelação deixa-o doente: o criador passará algumas semanas no hospital, onde começa a fermentar a ideia de elaborar uma Enciclopédia da dor dedicada aos traumas que os nossos corpos carregam, sem que nos dêmos conta, e que emergem quando menos esperamos. O primeiro tomo desta enciclopédia, depois de passar pelo Festival de Viena do ano passado, chega agora ao Festival de Almada e chama-se Isto que não saia daqui: a expressão que a mãe de Pablo utilizava, num misto de segredo e de vergonha, e que ele tanto ouviu na infância.

Fórum Romeu Correia | Sábado 15 às 21h30 | Domingo 16 às 15h00 | Segunda 17 às 21h30

Uma cerimónia, pelo Raoul Collectif

Para o encerramento da sua 40.ª edição, o Festival de Almada conta, literalmente, com uma cerimónia — um tanto particular, no entanto. Isto porque Uma cerimónia, pelos belgas Le Raoul Collectif, assenta no “imprevisível, no ingovernável, nos ventos quentes que se levantam de súbito”. Brinda-se a isso, no espectáculo. Na verdade, brinda-se assaz, e a muitas outras coisas. Quando alguém na plateia sugere que aqueles copinhos de shot têm água, a gargalhada dos intérpretes é maliciosa. Não parece, de facto, que se beba muita água nesta peça.

Reuniu-se um grupo para celebrar algo. É coisa de monta. E no entanto a hesitação instala-se: como é que havemos de aperaltar-nos? O que é que se diz primeiro, e como? Este grupo de homens (e uma senhora, que a dada altura será Antígona) não sabe com que regras e com que formato a cerimónia se há-de coser. O que é que havemos de celebrar, neste Mundo em que só a urgência importa? Dizem-nos que “mais do que nunca, é necessário inventar aquilo que falta ao Mundo, aquilo que o Mundo esqueceu, aquilo que ainda esperamos atingir e que jamais alcançaremos”.

Palco Grande da Escola da Escola D. António da Costa | Terça 18 às 22h00

©Celine Chariot / Um grupo que celebra algo

Espectáculo de Honra

No ano passado, no último dia do Festival, o público votou na sua criação favorita para que regressasse em 2023 como Espectáculo de Honra. Foi escolhida a peça Eu sou a minha própria mulher, de Doug Wrigth, na encenação que Carlos Avilez dirigiu para o Teatro Experimental de Cascais. A interpretação de Marco D’Almeida neste espectáculo valeu-lhe no ano passado uma nomeação para o Globo de Ouro na categoria de Melhor Actor.

O masculino e o feminino podem ser a mesma coisa. Prova disso é Lothar Berfelde, que nasceu em 1928 em Berlim, onde morreu em 2002. Mas as elegias fúnebres substituíram o nome com que tinha sido baptizada por aquele pelo qual era conhecida há várias décadas: Charlotte von Mahlsdorf. Nesta peça fala-se sobre esta extraordinária pessoa, tão complexa quanto autoexplicativa — tal como a personagem que tenta retratar —, procurando responder, sem sucesso, à pergunta mais profunda que podemos fazer a nós próprios: quem sou eu?

Fórum Romeu Correia | Sexta 7 às 21h30 | Domingo 9 às 18h00 | Terça 11 às 21h30

Homenagem 2023: João Mota

O actor e encenador João Mota (n. 1943) será a personalidade do mundo teatral homenageada este ano pelo Festival de Almada. Pedagogo, professor na Escola Superior de Teatro e Cinema durante três décadas — a cujo Conselho Directivo chegou a presidir —, e director artístico do Teatro Nacional D. Maria II entre 2011 e 2015, João Mota estreou-se como actor nos programas da Emissora Nacional, ingressando em 1957 no Teatro Nacional D. Maria II, onde permaneceu durante dez anos. Tendo sido um dos membros do Centre International de Recherches Théâtrales, de Peter Brook, funda a Comuna – Teatro de Pesquisa em 1972. Como actor e como encenador, apresentou-se em mais de vinte países, chegando a dirigir a Convenção Teatral Europeia. Em 1992 foi agraciado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, e em 2007 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal – Grau de Ouro, e a Medalha de Mérito do Ministério da Cultura.

No dia 8 de Julho, após a sua homenagem, sobe ao palco a penúltima encenação de João Mota. Em Não andes nua pela casa, de Georges Feydeau, a dada altura o deputado Ventroux diz o seguinte à sua esposa, que tem o tal hábito incomodativo descrito no título: “Estás com um ataque de pânico? Vai ao dentista!”. Uma réplica digna de Ionesco. Nesta sua comédia, Feydeau explora o ‘filão’ da crise do casamento, bem como de um certo absurdo das instituições políticas, como já havia feito em A purga do bebé. Em cena deparamo-nos, no fundo, com o retrato reelaborado do próprio dramaturgo: quando descobriu que a sua mulher o ‘fazia cocu’, o escritor foi viver para o Hotel Terminus, de onde nunca mais saiu: “Todo o cómico é refracção natural do trágico”, escreveu também.

Palco Grande da Escola D. António da Costa | Sábado 8 às 22h00

©DR / O homenageado é o actor e encenador João Mota

Actos Complementares

O arquitecto e cenógrafo José Manuel Castanheira é o autor de uma exposição documental sobre a relação do Festival (que celebra a sua 40.ª edição) com a cidade de Almada (que festeja o seu Cinquentenário), intitulada A grande festa das ideias, e que será inaugurada a 4 de Julho na Sala Polivalente da Escola D. António da Costa.

Nesta escola também estará patente uma instalação de Castanheira dedicada a João Mota, homenageado este ano pelo Festival, e que se intitula A escola do círculo repetido sem fim.

O artista plástico Noé Sendas, autor do cartaz desta edição, apresenta uma exposição bipartida entre a Galeria do TMJB — Vol. I: Staged bodies — e o Salão das Carochas — Vol. II: Mar vertical.

A Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea acolhe a décima edição do curso de formação O sentido dos Mestres — que este ano será dirigido pelo italiano Franco Laera e dedicado à actividade de produção em teatro —, bem como um Encontro dedicado ao tema A Inteligência Artificial e a criação, coordenado pela jornalista do jornal Público Karla Pequenino.

Nos dias úteis, sempre às 18h00, doze criadores que participam nesta edição do Festival estarão na Esplanada da Escola para conversar com o público. Também neste espaço, todos os dias antes dos espectáculos da noite, haverá dezassete concertos de músicas do Mundo, com entrada livre.

Parcerias

O Festival mantém a parceria de co-apresentação de espectáculos com o Centro Cultural de Belém, e tem o apoio do Instituto Italiano de Cultura, da Embaixada de Espanha em Lisboa, do programa Mais França, do Goethe Institut, do Turismo de Lisboa, da União de Juntas de Freguesia de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, da União de Juntas de Freguesia do Laranjeiro / Feijó, da Radiodifusão Portuguesa, do Almada Fórum, da Renault Caetano Fórmula e da Sociedade da Água de Luso.

 

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