FALAR VERDADE A MENTIR

de Almeida Garrett | encenação de Rodrigo Francisco

16 OUTUBRO a 15 NOVEMBRO, 2013 | SALA EXPERIMENTAL

Artista, político, homem de acção, literato, e – talvez acima de tudo – dramaturgo, o sentido da intervenção pública de Almeida Garrett (1799-1854) nunca esteve desligado da questão cultural, e do teatro, que ele considerava, de acordo com a ideia dominante europeia, “um grande meio de civilização, mas que não prospera onde não a há”. Garrett, como homem do seu tempo, apreciava os grandes dramaturgos estrangeiros, nomeadamente Eugène Scribe – o autor de Le menteur véridique, na qual se baseia para escrever Falar verdade a mentir.

Mas basta comparar os dois textos para ver que Garrett apenas se serve de um dispositivo para introduzir elementos de reflexão muito agrestes sobre o estado dos costumes políticos em Portugal. O que parece querer dizer-nos é que a mentira deixou de ser um escândalo e passou a constituir a forma normal de viver. Garrett quer um divertimento que eduque e que faça pensar. As novas mentiras que José Félix é obrigado a criar, para salvar o sistema, fizeram o seu caminho ao longo dos anos, e os instrumentos virtuais que as produzem já há muito ultrapassaram o âmbito então exclusivo do teatro. Os novos Josés Félix constituem exércitos preparados para a criação de “verdades” virtuais com instrumentos sofisticados e que se foram adaptando, ao correr das épocas, para transformar mentiras em novas mentiras, criando uma aparência de verdade.

Intérpretes Alberto Quaresma, Celestino Silva, Joana Francampos, João Farraia, Maria Frade e Miguel Martins
Cenografia e Figurinos Ana Paula Rocha
Desenho de Luz José Carlos Nascimento
Caracterização Sano de Perpessac

SALA EXPERIMENTAL | 06 OUTUBRO a 15 NOVEMBRO
TEATRO Reposição | Duração: 0H50 | M/12
Companhia de Teatro de Almada

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