Falar de uma peça maldita

A próxima Conversa com o público reúne à mesma mesa o encenador de Macbeth, Nuno Carinhas, e o actor e a actriz que dão vida a um dos casais mais pérfidos de toda a obra de Shakespeare: João Reis e Emília Silvestre.

Conversa com o públicoNo papel de Macbeth e de Lady Macbeth, os dois actores hão-de partilhar connosco a leitura que fazem das suas personagens e de uma tragédia que coloca magistralmente em cena um drama de consciência. Macbeth é o arquétipo da ambição desmedida, um regicida sanguinário cujos crimes derivam do facto de ser incapaz de esperar pelo cumprimento da profecia que abre a peça. No entanto, vive atormentado – e, para Nuno Carinhas, é precisamente esse conflito interior que garante a nossa identificação com o protagonista: “Essa tormenta, essa tempestade, é uma coisa que nos leva ao reconhecimento – a reconhecer que nós próprios passamos por lá. Não cometemos, mas passamos por lá. Muitas vezes, temos ‘escorpiões na cabeça’ ou reconhecemos os escorpiões dentro da cabeça de alguém. Nesses momentos, instala-se uma espécie de compaixão”. Depois de já ter trabalhado várias obras de Shakespeare como cenógrafo e figurinista, Macbeth proporciona-lhe agora a sua primeira experiência como encenador de uma obra-prima do bardo inglês. Que terá Nuno Carinhas a dizer sobre este primeiro encontro? Compreenderá a opinião do crítico Harold Bloom, quando este elege Macbeth como a sua tragédia predilecta de Shakespeare? Estará de acordo com o escritor Giuseppe Tomasi de Lampedusa, que a considera a obra “tecnicamente mais perfeita” daquele a quem já foi atribuída a “invenção do humano”? E que descobertas terá feito João Reis ao interpretar o sexto texto shakespeariano da carreira?

Ângela Pardelha
In CTA 14 Mar 2018

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