Festival de Almada vai ter 24 produções num contexto de cortes e de “quase emergência”

Vinte e quatro produções constam da programação do 35.º Festival de Almada, elaborada num "contexto de quase emergência", devido aos cortes de subsídios estatais de que foram alvo.

in Diário de Notícias, 15 jun 2018 notícia online

Esta programação acaba por ser irremediavelmente afetada por esse corte”, disse o diretor, Rodrigo Francisco, na apresentação da programação, hoje, sublinhando ter sido elaborada num “contexto de quase emergência” e viabilizada apenas “devido ao apoio da Câmara Municipal de Almada e aos parceiros de há anos do festival”.

Só isso permite fazer esta “omoleta sem ovos”, numa altura em que estamos mesmo “quase sem a casca deles”, enfatizou o responsável, na apresentação da edição deste ano do festival, realizada na Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, em Almada.

Vinte e quatro produções, nove das quais portuguesas e 15 estrangeiras, 11 concertos de entrada livre e quatro espetáculos de rua preenchem a edição deste ano do Festival de Almada, a decorrer de 4 a 18 de julho, em vários espaços desta cidade da margem sul do Tejo, e em algumas salas de teatro de Lisboa.

É a programação “possível”, nas palavras do diretor do Festival e da Companhia de Teatro de Almada (CTA), anfitrião do certame, num ano em que o apoio atribuído pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) à CTA, que inclui a verba para a produção do Festival, sofreu “um corte de 25% do total”, frisou.

Um corte que a direção do teatro considera “tanto mais incompreensível e absurdo”, pois surgiu a poucos meses do festival, comprometendo e impossibilitando o convite a uma figura maior do panorama teatral, nacional ou internacional, indicou Rodrigo Francisco, numa alusão às datas em que foram conhecidos os resultados provisórios (final de março) e os definitivos (maio), dos concursos do programa sustentado de apoio às artes da DGArtes.

A 35.ª edição do Festival de Almada está orçada em 576 mil euros, dos quais apenas 91 mil euros (16%) provêm da DGArtes, frisou Rodrigo Francisco, acrescentando que o restante financiamento se deve à Câmara Municipal de Almada, aos parceiros e mecenas do Festival e a receitas próprias.

Rodrigo Francisco sublinhou, porém, que, apesar da redução de 25% do financiamento da DGArtes, relativamente ao quadriénio anterior – o que faz com que a subvenção ao Festival seja já inferior à que existia em 1997 -, esta edição do certame propõe “uma assinalável diversidade de linguagens artísticas”, contando com criadores de países tão distintos como Alemanha, México ou Burkina Faso.

Dos 576 mil euros orçamentados para a 35.ª edição, Rodrigo Francisco conta com a comparticipação que está contratualizada com a autarquia local, no valor de 225 mil euros.

Apesar de saber que a Câmara de Almada pretende reforçar a verba para o festival, o diretor do certame não se quer pronunciar, uma vez que este reforço ainda está dependente de aprovação.

Questionado sobre a proveniência dos restantes 260 mil euros que faltam para completar o orçamento (91.000 euros da DGArtes e 225 mil da autarquia), Rodrigo Francisco diz estar a contar com receitas próprias do certame e dos parceiros e mecenas do Festival.

A programação do festival

A 35.ª edição do festival conta com nove produções portuguesas (três criações) e 15 estrangeiras.

Bigre, o melodrama burlesco da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau – que abriu a 34.ª edição do festival – volta a abrir a edição deste ano, já que foi o espetáculo de honra escolhido pelo público, no ano passado.

A coreógrafa Olga Roriz será a responsável pelo programa de formação O sentido dos mestres, a decorrer nos dias 9, 11 e 12 de julho, como é hábito na Casa da Cerca.

A poetisa, dramaturga e tradutora Ivette Centeno é a homenageada nesta edição do Festival, e o pintor Paulo Brighenti é o autor do cartaz. Paulo Brighenti, que cresceu e estudou em Almada, é também o autor da exposição Velho Sol, integrada nesta edição do Festival, patente a partir de hoje na Casa da Cerca.

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