«Durante 15 dias há uma plateia internacional para o teatro português»

Festival de Teatro de Almada – Joaquim Benite | Encenador, director do Festival de Almada

– Hoje começa mais um Festival de Almada. Como se põe toda esta máquina a funcionar?
– A organização do festival divide-se em três partes, uma que é permanente, que é a programação do festival e implica ir a festivais, assistir a espectáculos, negociar acordos. Todo um processo que é feito com uma antecedência de um a dois anos. Depois há uma segunda fase de organização e promoção do festival que se desenvolve a partir de Fevereiro a Junho, e termina com a sessão de apresentação da programação, da divulgação da figura homenageada, etc. E por fim, a terceira fase, de execução, que é a mais fácil, pois as companhias já enviaram os planos técnicos, está tudo preparado.
– O que é mais complicado?
– Uma das coisas mais complicadas é negociar datas com as companhias e conseguir harmonizar os interesses de todos. Às vezes há uma data que serve uma companhia mas que é precisa para outra…
– O facto de ser organizado por uma companhia de teatro, dá ao festival um carácter diferente?
– Sim. Não temos de fazer cedências por razões comerciais, e dispomos de uma certa informação do que se vai fazendo pelo mundo que nos permite apresentar uma programação que, de certo modo, resume um pouco as várias tendências do teatro do nosso tempo.
– Quais são, em traços gerais, os critérios de programação?
– Procuramos sempre cruzar linguagens, experiências e estéticas, apresentar ao mesmo tempo companhias institucionais e grupos experimentais pouco conhecidos, e claro, acompanhar esta mostra de espectáculos de muitos debates de reflexão, iniciativas de convívio e de intercâmbio entre gente do teatro e o público. Tudo isto tem, por um lado, uma função de actualizar o público português em relação ao teatro que se vai fazendo, e por outro, promover uma reflexão teórica sobre as diversas atitudes artísticas que apresentamos.
– No Festival de Almada encontram-se criadores provenientes de contextos muito diversos?
– Há aspectos importantes de cruzamento de culturas. Um espectáculo africano não tem os mesmos pressupostos nem a mesma função que um espectáculo europeu, da mesma forma que um espectáculo da América Latina tem condições de produção muito diferentes das de um espectáculo europeu.
– E quanto ao teatro português?
…(Continua na edição impressa)

Susana Ribeiro Martins
in A Capital, 4 jul 2005

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