DE VIENA À BROADWAY

direcção de Giovanni Andreoli | Coro do Teatro Nacional de São Carlos

26 e 27 OUTUBRO, 2007 | SALA PRINCIPAL

Nos dias 26 e 27 de Outubro, às 21:30h, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, sob a direcção de Giovanni Andreoli, leva ao Teatro Municipal de Almada a cadência das valsas dos salões de Viena e o ritmo «jazzy» das grandes canções norte-americanas da Broadway.

De Offenbach, passando por Johann e Josef Strauss, Augusto Machado até Cole Porter e John Kander, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos interpreta as mais famosas valsas e musicais, sob a direcção do seu maestro titular, Giovanni Andreoli. Destaque-se a participação do pianista Kodo Yamagishi e de Jorge Rodrigues cujos comentários contribuirão para uma total fruição do programa.

De Jacques Offenbach (1819-1880), grande compositor de operetas – género precursor do conceito moderno de comédia musical para o qual compôs mais de cem obras – o Coro interpreta «Barcarole», um dos números mais conhecidos da obra-prima operática, Les contes d’Hoffmann. «Barcarole» foi incorporado na banda sonora do filme La vita è bella (1997) do realizador e actor italiano, Roberto Benigni.

A ópera romântica Lauriane, do compositor português Augusto Machado não poderia faltar neste programa, representada pelas «Valsa» do Final do Acto I. Lauriane foi estreada no Grand Théâtre de Marseille em 1883, e cativou o público e a crítica, que reconheceu distintas qualidades musicais em Augusto Machado. Pouco mais de um ano após a estreia francesa esta ópera estreou no Teatro de S. Carlos, traduzida para a língua italiana.

Do compositor austríaco, Johann Strauss II (1825-1899), ficarão para sempre as valsas que compôs com especial incidência na valsa O Danúbio Azul. Filho do compositor Johann Strauss I e irmão dos também compositores Josef Strauss e Eduard Strauss, Johann permanece o mais célebre de toda a família Strauss. O imortalizado Rei da Valsa deixou uma opereta que ainda hoje se inscreve na programação dos teatros líricos, Die Fledermaus. No programa a apresentar em Lagos inscrevem-se duas valsas «Lagunen-walzer» [Valsas das Lagoas] e An der schönen blauen Donau, op. 314 ([No Belo Danúbio Azul].

Johann Strauss I (1804-1849) escreveu a ainda hoje muito popular Marcha «Radetzky», op. 228, interpretada frequentemente nas salas de concerto vienenses. Ainda hoje, ao ouvir esta Marcha, o público reage batendo os pés ao ritmo da marcha tal como aconteceu no dia da sua estreia em 1848.

Conhecido principalmente pelo seu legado de operetas, Franz Léhar (1870-1948) deixou a comédia romântica Die lustige Witwe baseada na história de uma viúva rica, Hanna Glawari que tenta arranjar marido. Desde o êxito estrondoso que obteve aquando da estreia, em 1905, esta opereta correu os palcos do mundo inteiro. O Coro do Teatro Nacional de São Carlos interpreta, desta ópera, «Vilja-Lied» e «Lippen schweigen».

Hoagland Howard «Hoagy» Carmichael (1899-1981) foi um compositor e pianista norte-americano celebrizado pela melodia que compôs para a canção Stardust (1927) que se tornou no estandarte daquela que foi nos EUA, a era das Big Band. Posteriormente, grandes nomes do jazz, tais como Louis Armstrong, Artie Shaw, Frank Sinatra, Billie Holiday, Dizzy Gillespie, Nat King Cole, Ella Fitzerald e John Coltrane, gravaram versões desta canção.

Cole Albert Porter (1891-1964) é considerado um dos mais prolíficos compositores do Great American Songbook. Da sua obra destacam-se as comédias musicais Kiss me, Kate, Anything Goes e as canções Night and Day e I’ve got you under my skin, ainda trauteadas pelas gerações de hoje e utilizadas frequentemente na comunicação de publicidade. Em cartaz, no Centro Cultural de Lagos, inclui-se a obra Night and Day do musical Gay Divorce, protagonizado por Fred Astaire na Broadway, em 1932.

Richard Charles Rodgers (1902-1979) foi um dos grandes compositores de comédias musicais trabalhando frequentemente em parceria com Lorenz Hart e Óscar Hammerstein II. Escreveu mais de 900 canções editadas e cerca de 40 musicais para a Broadway. Oklahoma! (1943) foi a primeira peça de teatro musical que compôs com Óscar Hammerstein II. Juntos assinaram as bandas sonoras dos filmes The King and I e The Sound of Music. De Oklahoma!, filme realizado por Fred Zinneman e protagonizado por Gloria Grahame e Gordon McRae, em 1943, destaca-se a interpretação dos números «Out Of My Dreams» e «Oklahoma».

John Harold Kander (n. 1927) compôs uma série absolutamente notável de peças de teatro musicais, muitas vezes em parceria com Fred Ebb, de que é exemplo, o musical Cabaret estreado na Broadway em 1966. Mais recentemente, em 1979, assinou a banda sonora do filme Kramer vs. Kramer.
O filme New York, New York, realizado por Martin Scorcese (1977) e protagonizado por Liza Minnelli e Robert de Niro, viu-se ultrapassado pela glória que atingiu a canção tema do filme da autoria de Kander, especialmente a partir do momento em que foi gravada por Frank Sinatra dois anos depois da saída do filme. Em programa, estão as duas canções tema de New York, New York e Cabaret.

Giovanni Andreoli direcção musical
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Estudou Piano, Composição e Direcção Coral e de Orquestra. Iniciou a sua actividade na qualidade de maestro residente. Na qualidade de maestro de coro colaborou na RAI de Milão, Arena de Verona, e Teatros La Fenice de Veneza e Carlo Felice de Génova. Trabalhou com os maestros Delman, Muti, Chailly, Barshai, Karabtchevsky, Arena, Santi, Campori, R. Abbado e Renzetti. Na Biennale Musica de Veneza estreou mundialmente obras de Guarnieri, De Pablo, Clementi e Manzoni.
Dirigiu os Carmina Burana e a Petite Messe solennelle (Coro e Orquestra do La Fenice), repondo esta última no Teatro Municipal de São Paulo. Seguiu-se «L’esperienza corale nel 1900 italiano» (Dallapiccola, Rota e Petrassi). De 1998 destacam-se: L’elisir d’amore em Rejkjavik; Missa da Coroação (Mozart) e Missa n.º 9 (Haydn), em São Paulo; Via Crucis de Liszt (Orvieto); Les Noces (Stravinski), no Festival de Granada; Otello (Rossini), no Theater an der Wien; e a primeira audição moderna da Missa Amabilis e Missa Dolorosa de Caldara (Orquestra e Coro do La Fenice). Em 1999 dirigiu Il barbiere di Siviglia (Teatro dei Vittoriale, Gardone-Riviera), La traviata (Teatro Real de Copenhaga), Una cosa rara de Soler (Teatro Goldoni, Veneza). Em 2000 dirigiu duas produções de La Bohème, uma no Teatro Grande de Brescia com Giuseppe Sabbatini, e outra em Lanciano, com a Orquestra Giovanile Internazionale. Gravou para a BMG Ricordi, Fonit Cetra e Mondo Musica Munchen; Orfeo cantando… tolse (A. Guarnieri) na RAI de Florença (1996); e os Carmina Burana com a Companhia do Teatro La Fenice. Desde 1994 que é o responsável artístico pela Temporada Lírica do Teatro Grande de Brescia.

Kodo Yamagishi piano
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Nascido no Japão em 1971, estudou na Universidade de Música de Viena, na classe de direcção musical de U. Lajovic, onde obteve o mestrado. Naquela época trabalhou como correpetidor e maestro em produções de óperas e dirigiu a Orquestra Pró-Arte de Viena. Participou ainda nas master classes de direcção, piano e interpretação de Lieder em Viena, no Cairo, em Weimar e com Dietrich Fischer-Dieskau em Estugarda. Desde 1997 que actua como assistente nas master classes do maestro E. Acel.
Foi maestro assistente em produções de óperas no Festival de Verão de Klosterneuburg, no Festival Haydn de Eisenstadt e no Opern Air em Gars am Kamp. Em 2002 dirigiu L’Enfant et les sortilèges na Alemanha e também a Orquestra de Salão de Merano (Itália).
De 2002 a 2004 trabalhou como maestro correpetidor e Kapellmeister no Pfalztheater em Kaiserslautern (Alemanha), onde teve oportunidade de dirigir 22 récitas de óperas. Em 2004 dirigiu a Orquestra Nacional da Cidade de Oradea, na Roménia, e desde a temporada 2004/05 é maestro assistente do Coro do Teatro São Carlos, de Lisboa.
Foi vencedor do Prémio «Finalista» (2.º lugar) do II Concurso International de Direcção de Orquestras e Prémio «OSESP’ em São Paulo.

Coro do Teatro Nacional de São Carlos Maestro titular Giovanni Andreoli
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Criado em condições de efectividade em 1943, sob a direcção de Mario Pellegrini, o Coro cumpre uma fase intensiva de assimilação do grande repertório operístico e de oratória. Entre 1962 e 1975 colabora nas temporadas da Companhia Portuguesa de Ópera, sediada no Teatro da Trindade, deslocando-se com a mesma à Madeira, aos Açores, a Angola e a Oviedo (1965), a convite do Teatro Campoamor, e obtém o Prémio de Música Clássica conferido pela Casa da Imprensa.
Participa em estreias mundiais de autores portugueses, casos de Fernando Lopes Graça (D. Duardos e Flérida) e António Victorino d’Almeida (Canto da Ocidental Praia). Em 1980 é criado um primeiro núcleo coral a tempo inteiro, sendo a profissionalização do Coro consumada em 1983, sob a direcção de Antonio Brainovitch. A plena afirmação artística do conjunto será creditada a Gianni Beltrami, que assume a direcção em 1985 e beneficia de condições de trabalho até então inéditas em Portugal. Nesta fase assinalam-se as seguintes intervenções: Oedipus Rex (Stravinski); Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny (Weill); Kiú (De Pablo); L’Enfant et les Sortilèges (Ravel); e Dido and Aeneas (Purcell). Registe-se a participação em Grande Messe des Morts (Berlioz), em Turim, a convite da RAI. Depois da morte de Gianni Beltrami, João Paulo Santos assume a direcção, constituindo-se como o primeiro português no cargo em toda a história do Teatro de São Carlos. Sob a sua responsabilidade registam-se êxitos, tais como: Mefistofele (Boito); Blimunda e Divara (Corghi); Sinfonia n.º 2 (Mahler), com a Orquestra da Juventude das Comunidades Europeias; Die Schöpfung (Haydn); Faust e Requiem (Schnittke); Perséphone e Le Rossignol (Stravinski); Evgeni Onegin (Tchaikovski); Les Troyens (Berlioz); Missa Glagolítica (Janácek); Tannhäuser e Die Meistersinger von Nürnberg (Wagner); e Le Grand macabre (Ligeti). Com o Requiem de Verdi o Coro desloca-se a Bruxelas, no quadro da Europália (1991). No âmbito da Expo-98 actuou no concerto de encerramento.
O conjunto tem actuado sob a direcção de algumas das mais prestigiadas batutas, tais como Antonino Votto, Tullio Serafin, Vittorio Gui, Carlo Maria Giulini, Oliviero de Fabritiis, Otto Klemperer, Molinari-Pradelli, Franco Ghione, Alberto Erede, Alberto Zedda, Georg Solti, Nello Santi, Nicola Rescigno, Bruno Bartoletti, Heinrich Hollreiser, Richard Bonynge, García Navarro, Wolfgang Rennert, Rafael Frühbeck de Burgos, Franco Ferraris, James Conlon, Harry Christophers, Michel Plasson e Marc Minkowski, entre outros. Também foi dirigido em óperas e concertos pelos mais importantes maestros portugueses, com relevo especial para Pedro de Freitas Branco

Programa
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Jacques Offenbach
«Barcarole» (da ópera Les Contes d’Hoffmann)

Augusto Machado
«Valsa» (da ópera Lauriane: Final, Acto I)

Johann Strauss II
Lagunen-Walzer, op. 411 [Valsas das Lagoas] (da opereta Eine Nacht in Venedig [Uma Noite em Veneza])

An der schönen blauen Donau, op. 314 [No Belo Danúbio Azul]

Johann Strauss I
Marcha «Radetzky», op. 228

Franz Lehár
«Vilja-Lied»
«Lippen schweigen»
(da opereta Die lustige Witwe)

Hoagy Carmichael
Stardust

Cole Porter
Night and Day

Richard Rodgers
«Out Of My Dreams»
«Oklahoma»
(do musical Oklahoma!)

John Kander
«New York, New York» (canção tema do filme New York, New York)
«Cabaret» (canção tema do musical Cabaret)

Giovanni Andreoli
direcção musical
Kodo Yamagishi
piano
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Comentários ao programa por
Jorge Rodrigues

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