Companhia francesa faz peça portuguesa

Em Almada, Esplanada da Escola D. António da Costa _ sede do festival de teatro _, há hoje novo colóquio (19.30).

Com Jean-Louis Sol e Suzanne de Morlhon, encenador e actriz da companhia L’Écharpe blanche (Montpellier), a par de Augusto Sobral e Rogério Vieira. Vão falar de Memórias de Uma Mulher Fatal, a peça de Sobral que, protagonizada por Vieira, estes estrearam em Lisboa (na Cornucópia, 1981). Jean-Louis Sol encenou versão francesa do texto, feita pela também protagonista De Morlhon, produção deste ano, vista ontem em Almada.

Caso singular na dramaturgia portuguesa contemporânea, modesta na existência e muito mais na divulgação pelo estrangeiro. A actriz e tradutora, com estudos portugueses na Universidade de Lisboa, onde foi bolseira, «apaixonada pela literatura portuguesa», descobriria o texto e o autor. Um encontro «muito agradável» para este, que, como disse ao DN, já se sentia «enterrado aqui», pois embora com as obras editadas (Caminho), não as vê em cena há mais de 20 anos _ a esta peça seguiu-se Bela Calígula (pelo Maizum) e mais nada _, dedicando-se sobretudo à arquitectura.

A actriz, que procurava uma peça portuguesa de hoje, com protagonista à sua medida, foi conquistada por esta: «Há o fechamento entre as máquinas que nos esmagam e, no centro, a mulher que se interroga sobre o que fez da vida, sem saber já quem é, depois de ter interpretado tantas personagens», explica-nos. Já Rogério Vieira fora seduzido pelo texto, na sua actualidade e na pertinência da abordagem a problemas dos actores. «Há alguém que já não sabe quem é, se homem se mulher, e a máquina repõe a memória», sublinha. Daí a sua interpretação, montagem e produção, obtido um subsídio.

Elisabete França
in Diário de Notícias, 17 jul 2003

mostrar mais
Back to top button