Companhia de Teatro de Almada festeja os seus 40 anos com Peter Kleinert e Olivier Dubois

Em ano de celebração, a temporada terá quatro produções próprias e vai estender-se à música e à dança.

Gonçalo Frota in Público, 07 Jan 2018 

Foi há 40 anos que Joaquim Benite (1943-2012) pegou no Grupo de Campolide (fundado em 1971) e atravessou o Tejo para o instalar na Academia Almadense, renomeando-o como Companhia de Teatro de Almada (CTA). Essas quatro décadas estarão em particular destaque na programação da CTA para este ano de 2018, através de um mergulho nos arquivos e na história da companhia que tomará a forma de uma exposição documental “concebida plasticamente” por José Manuel Castanheira. A exposição ocupará vários espaços do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) ao longo da temporada e homenageará a figura do fundador e grande impulsionador da CTA – até à data da sua morte, quando o testemunho foi entregue ao seu assistente de encenação, Rodrigo Francisco.

O director artístico da CTA desde então lança a programação para 2018 – fica a faltar conhecer o programa do Festival de Almada, também a seu cargo – alertando para a indefinição quanto ao valor da subvenção estatal para os quatro anos que se seguem (e num contexto de transição em Almada, após os resultados das últimas autárquicas, em que a CDU perdeu um dos seus bastiões históricos). Rodrigo Francisco reforça ainda a inscrição da CTA enquanto companhia “na tradição dos teatros de reportório”, que enquadra de resto as suas quatro produções próprias para 2018, das quais se destaca a colaboração com o encenador histórico alemão Peter Kleinert (colaborador da Schaubühne nos últimos anos), que entre 19 de Outubro e 11 de Novembro apresentará a sua leitura de A Boa Alma de Sé-Chuão, de Bertolt Brecht.

Será uma versão almadense do mesmo texto que Kleinert estreou na Schaubühne em Novembro de 2017, a terceira das suas incursões recentes no reportório brechtiano – depois de Santa Joana dos Matadouros (2013) e A Mãe (2016). Antes disso, já em Janeiro (de 12 a 28), a CTA retoma a carreira de Nathan, o Sábio, texto fundamental de Gotthold Ephraim Lessing para o teatro alemão, protagonizado por Luís Vicente e Maria Rueff, e com encenação de Rodrigo Francisco, estreado em Dezembro do ano passado.

Entre 13 de Abril e 6 de Maio, será a vez de Carlos Pimenta se atirar a um dos grandes textos do reportório norte-americano do século XX, imprimindo a sua marca em A Morte de Um Caixeiro Viajante, texto de Arthur Miller que parte da perda do emprego do protagonista para o afundar na difícil relação entre o indivíduo e a expectativa social que sobre ele impende.

Depois de Kleinert, será a vez de também Rodrigo Francisco regressar aos autores alemães, de 23 de Novembro a 16 de Dezembro, com a encenação de Mártir, texto de Marius von Mayenburg, autor que a CTA já tinha dado a descobrir com a apresentação de O Feio, em 2016. A restante programação de teatro – excluindo ainda o Festival de Almada, cuja apresentação ocorrerá mais tarde – contempla ainda espectáculos de António Olaio (O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o seu Esplendor, texto de Luiz Pacheco, 2 e 3 de Fevereiro), a primeira encenação de Luis Miguel Cintra após o encerramento da Cornucópia, para a Companhia Mascarenhas-Martins (Um D. João Português, 10 e 11 de Março), Macbeth de Shakespeare por Nuno Carinhas (17 e 18 de Março), A Noite da Dona Luciana de Copi segundo Ricardo Neves-Neves (27 a 31 de Março), uma nova variação de Joana Craveiro sobre o seu Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas, desta vez reconfigurado como Um Mini-Museu Vivo de Memórias do Portugal Recente (24 a 29 de Abril), e a última criação dos Primeiros Sintomas a partir de Gaston Leroux (A História Assombrosa de como o Capitão Michel Alban Perdeu o seu Braço, 12 e 13 de Outubro). A estes juntam-se ainda criações da Comuna, de João Lagarto, do Teatro do Noroeste e da Companhia de Teatro de Braga, além de uma extensa programação para a infância.

 

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