Colóquio: Onde o frio se demora

No Sábado, 26 de Março, decorreu no foyer do TMJB mais uma Conversa com o público, desta vez sobre o espectáculo Onde o frio se demora

A encenadora Luisa Pinto, a jornalista e autora Ana Cristina Pereira, e o músico Peixe foram os intervenientes nesta conversa moderada por Ângela Pardelha. Os convidados falaram da cultura de violência que ainda impera na sociedade portuguesa, não só a nível doméstico, mas também na área laboral. Uma violência que é transverssal ao estrato social, à idade e até ao género, visto que apesar da violência do homem sobre a mulher ainda predominar, também nos deparamos com o inverso. Neste contexto, Peixe avalia a posição dos homens em relação a este espectáculo: ‘Fisicamente os homens até podem estar mais protegidos, mas isso não impede que também sejam vítimas. Esta é uma história de insegurança, de obsessão, solidão e incapacidade de gerir uma relação – são temas com os quais todos nós nos podemos identificar, independentemente de sermos homem ou mulher’. Ana Cristina Pereira considera que apesar do conservadorismo da sociedade portuguesa, existe actualmente aquilo a que chama ‘uma tentativa de denúncia’, e a impunidade de outros tempos já não prevalece. Já a encenadora, Luisa Pinto, alertou para a nossa responsabilidade enquanto sociedade de responder com prontidão às denúncias destas vítimas, e a cumprirmos o nosso papel mesmo quando essa denúncia não acontece: ‘Hoje em dia, a violência doméstica trata-se de um crime público’. Preocupações e temas que são abordados em Onde o frio se demora, uma peça que segundo Luisa Pinto é uma ‘proposta de teatro documental’ sobre um País envelhecido, e que em muitas áreas permanece conservador, e reticente à mudança.

No Sábado, dia 9 de Abril, às 18h00, estaremos novamente à conversa desta vez sobre o espectáculo Frei Luís de Sousa, a obra-prima do Romantismo, de Almeida Garrett, com encenação de Rogério de Carvalho.

Liliana Monteiro
in CTA, 29 mar 2016

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