Colóquio: Instruções para voar

No sábado, 30 de Janeiro, continuaram as Conversas com o público no foyer do TMJB moderadas por Ângela Pardelha, e desta vez sobre a peça Instruções para voar

Colóquio: Instruções para voarA escritora Lídia Jorge, a autora do texto, esteve à conversa com o actor Luís Vicente. Ambos reflectiram sobre a precariedade da sociedade actual, que leva tantas pessoas, umas por vontade própria, outras coagidas economicamente, ou vítimas de cenários de instabilidade e violência, a abandonarem os seus países a favor do desconhecido. Nas palavras do encenador: Este texto da Lídia coincidiu surpreendentemente com a avalanche de refugiados que estão a chegar, desde o ano passado, à Europa, – a abordagem foi de certo modo adensada pelo que aconteceu – parodoxalmente há também os cidadãos portugueses que partem do nosso País” . Luís Vicente manifestou ainda a sua vontade em montar peças próximas da realidade: “É importante a proximidade da arte com a vida” . Lídia Jorge defendeu também esta máxima de aproximação da arte com a comunidade, do papel pedagógico, cívico e actual, que neste caso o teatro pode ter: “Um espectáculo deve tocar-nos e inquietar-nos. Devemos sair da sala diferentes de quando entrámos, e como autores há um privilégio em escrevermos sobre o tempo em que vivemos, em sermos cronistas do tempo que passa” . A escritora falou ainda das duas personagens-tipo que dão vida ao texto, dois migrantes, um que chega e outro que parte, baseadas em duas pessoas reais com que se cruzou, por acaso, no espaço de 48 horas: “Os protagonistas não passam de mendigos da vida, apesar dos estudos, e da consciência política e social que têm. Este texto reflecte também a migração altamente especializada dos nossos dias, sendo uma peça anti-sistema, de denúncia” .

Colóquio: Instruções para voarInstruções para voar estreou a 11 de Novembro de 2015, no dia dos atentados terroristas em Paris, uma coincidência marcante para uma peça que retrata acontecimentos actuais. Perante os novos tumultos que afligem e sacodem o Mundo, e do papel da Arte como impulsionadora da mudança, Lídia Jorge considera que se escrevesse o texto agora incluiria mais gente: “Muitas vozes, grupos humanos diversos a dialogar, ou pelo menos a tentarem dialogar”.

No próximo sábado, às 18h00, estaremos à conversa com o coreógrafo Josef Nadj e com o jornalista e crítico de dança Daniel Tércio, acerca do espectáculo Pour Dolores.

Liliana Monteiro
in CTA, 1 fev 2016

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