Colóquio Frei Luís de Sousa

No sábado, 9 de Abril, decorreu no foyer do TMJB mais uma Conversa com o público, desta vez sobre o espectáculo Frei Luís de Sousa.

O encenador Rogério de Carvalho, o actor António Fonseca, a professora universitária Helena Barbas e o cenógrafo José Manuel Castanheira foram os intervenientes nesta conversa moderada por Ângela Pardelha. Os convidados abordaram o contexto no qual Almeida Garrett escreveu aquela que é considerada por muitos a obra-prima do Romantismo português, e o valor deste texto na sociedade contemporânea. Neste colóquio discutiram-se as várias camadas que compõe Frei Luís de Sousa, uma história que oscila entre o drama de cariz político e social do séc. XVIII, caracterizado pelo domínio filipino e o nascimento do mito de D. Sebastião, e a tragédia privada privada de uma família. A professora Helena Barbas destacou a modernidade da tragédia psicológica presente nesta encenação de Rogério de Carvalho, para além da dita tragédia clássica “nenhuma lei externa influencia a tragédia, apesar das normas da sociedade tendeciarem a reacção das personagens, é a consciência de cada um que serve de carrasco”. Neste contexto, Rogério de Carvalho referiu as múltiplas encenações que já foram feitas a partir da obra de Garrett e como mesmo assim decidiu ele próprio encená-la “trata-se de um texto muito complexo que desde sempre me fascinou”. Já o actor António Fonseca exprimiu a sua admiração, desde sempre, por Garrett, como homem e como escritor, apontando para a “permeabilidade da sua obra na sua vida e vice-versa”. O actor apontou como especialmente em Frei Luís de Sousa estão patentes as convicções políticas pró-democráticas de Almeida Garrett e a sua própria situação familiar, já que tal como a personagem Maria de Noronha, filha ilegítima de D. Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho, na vida real o escritor também teve uma filha fora do casamento. A propósito do cenário minimalista desta encenação, a professora Helena Barbas salientou como na sua opinião favorecia e enaltecia o texto, ao mesmo tempo que “não o torna datado”. O cenógrafo José Manuel Castanheira confirmou essa intenção, da aposta num cenário que transmita a contemporaneidade da obra, fazendo “a ponte entre o passado e o presente”.

No sábado, dia 23 de Abril, às 18h00, estaremos novamente à conversa desta vez sobre o espectáculo 24A74 – Salgueiro Maia, a partir do livro Capitão de Abril – Histórias da guerra do ultramar e do 25 de Abril, de Salgueiro Maia, com dramaturgia e encenação de Ricardo Simões.

Liliana Monteiro
in CTA, 11 abr 2016

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