Colóquio 24 a 74 – Salgueiro Maia

No sábado, 23 de Abril, decorreu no foyer do TMJB mais uma Conversa com o público, desta vez sobre o espectáculo 24A74 - Salgueiro Maia

Na mesa estiveram o actor, encenador, autor e director artístico do Teatro do Noroeste – CDV, Ricardo Simões; o Major-General Luis Augusto Sequeira, Capitão de Abril, fundador da Associação 25 de Abril e o Professor Alexandre Marta, antigo comandante de um grupo de combate da 33ª Companhia de Comandos em Angola, na guerra do ultramar. É também autor de dois livros sobre a sua experiência militar em combate. A moderar o debate esteve Ângela Pardelha.

Ricardo Simões explicou que este espectáculo nasceu do desejo de comemorar os 40 anos do 25 de Abril e que, tendo nascido já depois da revolução dos cravos, teve que fazer um trabalho de investigação grande que o levou a Salgueiro Maia – um desconhecido para ele -, acabando por fazer uma dramaturgia a partir do livro Histórias da guerra do ultramar e do 25 de Abril, de Salgueiro Maia. Além de ter ficado impressionado com os relatos da experiência militar do Capitão de Abril, realçou as capacidades de escrita de Salgueiro Maia. Salgueiro Maia era um idealista, foi para o ultramar defender Portugal e sai de lá já envolvido no M.F.A.

Luís Augusto Sequeira, por sua vez, manifestou a sua satisfação por ter sido convidado para o debate, lembrando que enquanto administrador do jornal O Século, teve Joaquim Benite como chefe de redacção. Referiu que conheceu muito bem Salgueiro Maia, até porque entrou na Academia Militar no mesmo dia que ele. Falou da sua experiência no ultramar, e dos contornos conspirativos em que participou e que levaram à revolução. Já como professor da Academia Militar 20 anos depois da revolução, disse que perguntou aos cadetes o que foi o 25 de Abril e ninguém sabia. Para Luís Sequeira, Salgueiro Maia começou a morrer quando foi nomeado para dirigir a prisão de Santarém, que considerou uma afronta feita ao oficial de carreira.

Alexandre Marta começou por falar da sua origem, oriundo de uma aldeia da Guarda éramos felizes, havia amor, mas muita miséria. Da sua aldeia viu chegar os mortos. Quando chegou a altura do serviço militar, hesitou em desertar para França, mas teve problemas de consciência. Falou da sua primeira missão, em que quase teve de abater um rapaz negro ferido: salvou-se porque um Furriel assumiu a tarefa. Quando voltou, foi dar instrução em Mafra, e foi a partir daí que participou como operacional no 25 de Abril.

O debate foi bastante animado, com a presença na plateia de alguns militares de Abril e também do padrinho de casamento de Salgueiro Maia: Mário José Machado.

No sábado, dia 21 de Maio, às 18h00, estaremos novamente à conversa, desta vez sobre o espectáculo La Merda, texto e encenação de Cristian Ceresoli.

in CTA, 24 abr 2016

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