Almada | Estreia “Schweik na Segunda Guerra Mundial”, de Bertolt Brecht

A Companhia de Teatro de Almada retorna a Bertolt Bretch nesta estreia. A peça estará em cena até 19 de Novembro

Sofia Quintas in Almada online 19 Outubro 2023 | notícia online

“Schweik na segunda guerra mundial”, de Bertolt Brecht, com música de Hanns Eisler, e com encenação de Nuno Carinhas e direcção musical de Jeff Cohen, estreia dia 20 de Outubro. O espectáculo vai estar em cena no Teatro Municipal Joaquim Benite até dia 19 de Novembro, de Quinta a Sábado, às 21h, e Quartas e Domingos, às 16h. Como é habitual nas criações da Companhia de Teatro de Almada, o espectáculo será acompanhado pelas Conversas com o Público, aos sábados, às 18h, no foyer do TMJB, durante toda a carreira da peça.

Brecht escreveu Schweik na Segunda Guerra Mundial em 1943, quando estava exilado nos Estados Unidos. O dramaturgo não inventou de raiz o seu protagonista: inspirou-se na obra-prima satírica do romancista checo Jaroslav Hasek, “O bom soldado Schweik”, cujo herói se tornou num símbolo do absurdo da guerra. No romance de Hasek, publicado entre 1921 e 1923, Schweik caracteriza-se tanto pela sua ingenuidade, no sentido que Voltaire lhe deu, como pelo seu optimismo, humor e zombaria. Brecht interessou-se desde cedo por esta figura altamente subversiva. Em 1927, Max Brod e Hans Reimann adaptaram o romance e apresentaram-no como peça de teatro em Janeiro de 1928, em Berlim. Nos anos 1932-37, Brecht e Piscator conceberam vários projectos cinematográficos para Schweik, os quais nunca foram concretizados, acabando o autor de “Mãe Coragem” por escrever a peça sozinho, sendo representada pela primeira vez em Janeiro de 1957, em Varsóvia, em polaco.

Nuno Carinhas, pintor, cenógrafo, figurinista e encenador, dirigiu o Teatro Nacional São João entre 2009 e 2018. Antigo aluno de Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, as suas criações teatrais são marcadas por uma relação plástica com o texto. Encenou obras de Calderón de la Barca, Corneille, Tchekov, Beckett, Gil Vicente, Sófocles, Heiner Müller, Lorca, Brian Friel, Jean Cocteau, Henri Michaux, Pirandello, entre muitos outros. Para a CTA dirigiu em 2020 “Viagem de Inverno”, de Elfriede Jelinek, e em 2022 “O misantropo”, de Molière/Martin Crimp.

Jeff Cohen, pianista e compositor, acompanhou em recitais algumas das mais célebres intérpretes da actualidade, como Angela Gheorgiu, Cecilia Bartoli, Jane Birkin e Ute Lemper. Em 2008, com Teresa Gafeira e Luís Madureira, concebeu o recital “Canções de Brecht” para a Companhia de Teatro de Almada.

Ficha artística:
Companhia de Teatro de Almada
Texto: Bertolt Brecht
Interpretação: André Pardal, Carolina Dominguez, Cláudio da Silva, David Pereira Bastos, Diogo Bach, Duarte Grilo, Isac Graça, Ivo Alexandre, Luís Madureira, Maria Frade e Teresa Gafeira
Música: Hanns Eisler
Encenação: Nuno Carinhas
Direcção musical: Jeff Cohen
Tradução: António Sousa Ribeiro
Cenografia e figurinos: Nuno Carinhas
Luz:Guilherme Frazão
Voz e elocução: Luís Madureira
Acordeão: Inês Vaz e Pedro Santos
Trombone: Hugo Pedrosa e João Gomes
Percussão: Rodrigo Azevedo e Tomás Moital
Clarinete: Miguel Costa e Henrique Borges
Piano: Francisco Sassetti e Jeff Cohen
Classificação: M/12

Sala Principal
Preço: entre 6,5€ e 13€ (Clube de Amigos: entrada livre)
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Conversas com o Público

Dia 21 às 18h – Vamos falar de paz?

A guerra é uma presença, mesmo que não exista. Aprendemos a viver a monotonia do seu silêncio, a banalidade da sua calma, o peso da sua ausência. Digo-o por ser otimista e acreditar que só se sente a paz quando se espreita a sua sorte, atrás do ombro. A proposta de se falar, debater e reconhecer a obra de Bertolt Brecht, “Schweik na Segunda Guerra Mundial”, recorda a paz como companhia, em sentido oposto à presença constante e velada da guerra. Como se a História humana apenas fosse possível através do constante desejo de conflito. O teatro é lugar privilegiado para esta perspectiva do mundo. Do alto das palavras dos criadores do mundo, da Arte ao Jornalismo, que humanidade existe na busca da Paz?

As conversas que propomos são sinónimos da realidade que nos calha diariamente, mas que nem sempre sentimos como verdadeira. No final, o que nos resta? No livro de Milan Kundera A imortalidade (ed. D. Quixote) lê-se que: “É a imortalidade, o que quer dizer – diz Goethe. A imortalidade é um processo sem fim”. Teresa Nicolau

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