Almada Capital do Teatro
O teatro é rei naquele que é o seu maior festival nacional, o de Almada.
Tânia Sarmento in Diário Económico, 4 jul 2003
A maratona de mais de 30 produções apresentadas por 27 companhias começa hoje e prolonga-se até dia 18 de Julho, naquela que é a sua 20ª edição. Benno Besson, o assistente favorito de Bertold Brecht, é o convidado de honra desta, edição.
«Um criador inimitável», um «grande mestre do teatro». É assim que o classifica Joaquim Benite, director do Festival. Para o público português comprovar o talento do criador, duas encenações: «0 Amor das Três Laranjas», de Carlos Gozzi e «O Círculo de Giz Caucasiano», do próprio Brecht. Duas peças montadas pelo Teatro Stabile dei Veneto Cario Goldoni, uma estreia nacional. Para além da vinda de Benno Besson, as propostas são muitas e falam várias línguas. Companhias portuguesas, espanholas, francesas, italianas, checas, canadianas, brasileiras e angolanas fazem a festa do teatro que este ano contou com um orçamento de cerca de 450 mil euros (menos 10% que no ano passado). No entanto, a qualidade e a filosofia que tem guiado o evento ao longo dos anos mantém-se: o cruzamento de companhias nacionais e internacionais de renome com grupos experimentais.
Assim, a par das duas propostas de Besson, há ainda lugar para ver o canadiano Denis Marleau que criou um espectáculo a partir do texto de António Tabucchi, «Os Últimos Três Dias de Fernando Pessoa». Do Brasil chega «Tangos e Tragédias», espectáculo em cena há mais de i9 anos, onde os actores Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky exploram os limites e as fronteiras do teatro com outros géneros.
Portugal conta com doze produções, das quais quatro são estreias absolutas. Teatro da Comuna, o útero, Artistas Unidos, Companhia de Teatro de Braga ou Teatro do Noroeste são algumas das presenças numa edição que homenageia o actor Raul Somado. Uma das novidades deste ano é que o Festival vai passar a apresentar um ciclo dedicado a um país de expressão lusófona, neste caso Angola. A festa vai começar.