A sociedade é a doença

No sábado, dia 26 de Novembro, às 18h, no foyer do TMJB, fechamos mais um ciclo de Conversas com o Público. Os últimos convidados vão ser o músico e escritor Luca Argel e a cantora Lura, que vão debater Culturas, contraculturas.

Na última Conversa debatemos Sobre amor e preconceito, com a escritora e encenadora Cláudia Lucas Chéu, e com a encenadora e actriz Zia Soares. Manuel Halpern fez a moderação da Conversa.

A propósito do tema Cláudia Lucas Chéu começou por referir que no filme de Fassbinder, assim como no espectáculo de Rogério de Carvalho, “o amor não é bem a questão que está ali, mas mais o encontro de solidões”. Continuou: “o preconceito já lá estaria mesmo que ele não fosse estrangeiro, devido ao facto de a mulher ser muito mais velha que o homem”.

Zia Soares realçou a questão da mulher: “Até onde se pode amar? Com que corpo?” concluiu em relação ao preconceito: “Podemos reconhecer a Alemanha dos anos 70, na Europa dos dias de hoje.”

Cláudia Lucas Chéu continuou: “O preconceito está em nós não podermos acreditar neste amor”. Zia Soares por seu lado defendeu que “o amor nasce por várias coisas, o amor é também um intercâmbio de interesses”.

Cláudia Lucas Chéu acrescentou: “A sociedade é a doença, ainda hoje é constrangedor vermos uma mulher mais velha com um homem mais novo, e há ainda uma questão de ‘Poder’. Se uma mulher mais velha ‘Pode’ ter um homem mais novo. Na pirâmide dos interesses sociais a decência é mais importante que a felicidade”. Zia Soares concluiu: “É uma sociedade que está cheia de úlceras”.

No próximo sábado fechamos o ciclo de Conversas com o Público a propósito da última criação da CTA O medo devora a alma. Os últimos convidados de Manuel Halpern são o músico e escritor Luca Argel e a cantora Lura, que vão conversar com o público sobre Culturas, contraculturas.

Aceda aqui ao programa completo das Conversas com o Público, a propósito de O medo devora a alma, de Fassbinder, com encenação de Rogério de Carvalho.

Luca Argel (Rio de Janeiro, 1988), é licenciado em música pela UNIRIO e mestre em literatura pela Universidade do Porto. É vocalista e compositor dos grupos “Samba Sem Fronteiras”, “Orquestra Bamba Social” e “Ruído Vário”, este último em parceria com a cantora Ana Deus, sobre poemas musicados de Fernando Pessoa. Tem livros de poesia publicados no Brasil, em Espanha e em Portugal, um dos quais foi semifinalista do Prémio Oceanos 2017. Escreve rubricas de rádio e bandas sonoras para dança e cinema. Possui quatro álbuns lançados, o último dos quais, Samba de Guerrilha é resultado de uma pesquisa continuada sobre a história política do samba.

Lura nasceu em Lisboa, filha de pais cabo-verdianos, bebeu das duas culturas da sua vida tornando-se de uma forma muito espontânea, a única artista da família. Aos 21 anos lançou o seu primeiro álbum Nha Vida, mas foi o álbum Di Korpo ku Alma (2004) que a fez explorar as suas raízes de origens cabo-verdianas, com o qual conquistou o mundo através do sucesso de Nariná. Desde cedo o seu nome foi ganhando reconhecimento internacionalmente no mundo da música, através de colaborações com nomes incontornáveis como Cesária Évora, Bonga, Richard Bona, Gotan Project, entre vários outros. A sua voz é inconfundível e ao vivo, contagia toda a gente com a sua energia sobre-humana, sendo completamente capaz de derrubar todas as fronteiras, tanto geográficas como estilísticas.

in CTA 20 Nov 2022
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