A CANÇÃO DO VALE

Oagricultor africânder Abraam Jonkers vive com a sua neta Verónica numa pequena aldeia da região do grande Karoo, na Á frica do Sul. Cultiva um pedaço de terra de uma herdade que pertence a uma família anglo-saxónica e vive a angústia da suspeita de lhe retirarem as terras onde sempre viveu e trabalhou. Abraam é a tradição, o representante da vida patriarcal e tranquila da vastidão africana. Mas Verónica tem um sonho: partir e ser cantora em Joanesburgo, a grande cidade onde nasceu.

O dramaturgo sul-africano Athol Fugard (n. 1932) está de regresso ao Teatro Municipal de Almada (no Festival de 2007, assistimos à encenação de Peter Brook da sua peça Sizwe Banzi est mort ). Em Canção do vale, Fugard centra se na reconstrução de uma identidade plural e complexa numa Á frica do Sul ainda ameaçada pelos espectros do Apartheid. Sobre esta produção, escreveu Rui Pina Coelho, no Público: «Jorge Silva descobre no texto a universalidade do tema e é difícil não nos situarmos afectivamente na desertificação do interior, nos latifúndios alentejanos e nas promessas falhadas da Reforma Agrária. […] José Peixoto narra e interpreta, evocando paisagens maiores e histórias mais antigas, contaminando tudo com uma enorme densidade de contador de histórias. Carla Galvão, cantando e interpretando, em mais um trabalho extraordinário, contrabalança com jovialidade e ritmo, compondo uma figura de grande densidade emocional.»

Tradução Paulo Eduardo Carvalho
Cenário e figurinos Ana Paula Rocha
Desenho de luz Carlos Gonçalves
Música original Filipe Melo
Intérpretes Carla Galvão, José Peixoto

2 a 11 OUTUBRO, 2009 | SALA EXPERIMENTAL |  M/12