A BUNDA PRETA DA CHUVINHA

Texto e encenação de Rodrigo Francisco | a partir de Ma Rainey’s Black Bottom, de August Wilson

COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA

‘Chuvinha’ é o nome artístico de uma cantora cujo estilo musical se situa entre o afro-beat e o hip-hop. Estamos num estúdio de gravação e, para desespero dos produtores, a própria Chuvinha tarda em chegar à sessão: será que vai comparecer? Os músicos que a acompanham já estão a postos, e vão-se entretendo com picardias entre si. A identidade destes jovens é construída à imagem das figuras que vêem na televisão e que ‘seguem’ nas redes sociais. Os seus heróis são os músicos anti-sistema cuja imagética reproduzem como podem — e que não fazem mais do que instigá-los à revolta, sem lhes apontarem caminhos. As referências destes rapazes não vão muito além dos subúrbios em que cresceram. Querem expressar-se, mas não sabem como: falam de si próprios na terceira pessoa, como os jogadores de futebol. E, no entanto, todos ambicionam o êxito, sem que algum deles seja capaz de concretizar o que os faz sonhar — para além, claro, das roupas de marca, das jóias espampanantes, e dos carros potentes em que desfilam os seus ídolos nos telediscos. A dada altura Chuvinha entra de roldão pelo estúdio adentro, escoltada por um polícia. Esta peça é também sobre as peripécias e as tensões que envolvem a gravação do seu hit mais ‘poderoso’: A bunda preta da Chuvinha. E ainda sobre o desastre, que assalta estes jovens quando as suas frustrações fazem com que a raiva cresça de forma incontrolável — e não atinja o alvo certo.

Rodrigo Francisco inspira-se numa das mais célebres peças do dramaturgo norte-americano August Wilson (1945-2005) para nos contar uma ‘balada da Margem Sul’, com bastante música tocada ao vivo e um elenco que inclui alguns dos actores que o têm acompanhado em criações anteriores.

Ouve, mano, a malta do gueto há-de safar-se. Sempre safou. Enquanto eles precisarem de mulheres da limpeza, e de caixas de supermercado, e de cenas p´ra fumarem lá nas festinhas deles, e da música que a gente faz p’ra eles dançarem… ‘Tá-se bem, mano. Se a gente não ‘samos’ capazes de ter também as nossas ‘curtes’, o que é que levamos desta vida?

Patrícia Portela, In O cavalheiro de abril


08 NOVEMBRO a 01 DEZEMBRO, 2024 | SALA PRINCIPAL

qui a sáb às 21h00
qua e dom às 16h00

Duração aprox.: __h__ | M/16

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Cenografia e figurinos Céline Demars
Desenho de luz Guilherme Frazão
Música Afonso de Portugal, Duarte Grilo
Interpretação Afonso de Portugal, Anilson Eugénio, Binete Undonque, Diogo Bach, Djucu Dabó, Duarte Grilo, Ivo Marçal, João Cabral, João Farraia, Pedro Walter


Conversas com o público

09, 16, 23, 30 Novembro – sábados às 18h00
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