Migrantes, uma das últimas peças de Matéi Visniec, permite-nos acompanhar um conjunto de histórias a que não faltam pontos de contacto com uma realidade que a maioria de nós conhece apenas através da televisão e dos jornais: a travessia do Mar Mediterrâneo em embarcações precárias, administradas por transportadores com mais ou menos escrúpulos; o dilema de Elihu, um jovem negro que, ao chegar à Europa, caiu nas malhas dos traficantes de órgãos; os bastidores da política, com um presidente que não prescinde dos conselhos “politicamente correctos” do seu assessor; e as insónias de um casal dos Balcãs que, depois de ver crescer à sua volta tenebrosos muros de arame farpado, decide transformar a sua casa numa espécie de misericórdia. Com estes “casos” – que, embora sendo fictícios, resultam do contacto diário do autor romeno com o fenómeno, primeiro como cidadão e depois como jornalista da Rádio France Internationale –, Matéi Visniec chama a atenção para a tragédia humanitária a que, comodamente, demos o nome de “crise dos refugiados” e a montante da qual estão, no seu entender, mais do que os conflitos que flagelam o Médio Oriente ou a África Subsariana, os problemas subjacentes à difusão do modelo social e económico do Ocidente.
Estreia no Teatro Municipal Joaquim Benite a 21 de Abril de 2017
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© Matéi Visniec | visniec@yahoo.fr
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