Festival de Almada: de Tchecov a Shakespeare, da dança à música

A 41.ª edição do festival de teatro realiza-se entre 4 e 18 de Julho. Entre as produções internacionais, destacam-se nomes como Peter Stein, Olivier Py, Mathilde Monnier e Fran Nuñez.

Beatriz Magalhães in TimeOut 15 Junho 2024 | notícia online

Entre 4 e 18 de Julho, o Festival de Almada compõem os palcos da cidade. As propostas internacionais juntam-se às nacionais, os concertos na esplanada e as exposições juntam-se às peças de teatro, que se fazem de poesia, dança, marionetas e artes plásticas. Na 41.ª edição do festival, é ainda homenageada a companhia de teatro A Barraca e a liberdade, essa, nunca é deixada de lado.

Ao longo de duas semanas, o Festival de Almada apresenta um conjunto de espectáculos que procuram dialogar entre si e também com o público em torno da arte teatral. “Qual é a relação entre um espectáculo de marionetas e de cabaret, e Tchecov e malabarismo, que relação é que estes espectáculos têm? E eu acho que, se quiser responder de uma forma honesta, estes espectáculos não têm nada em comum a não ser a excelência de quem os faz e a paixão de quem os faz e é isso que, de alguma forma, justifica eles cá estarem”, disse o director artístico do Festival de Almada e da Companhia de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, na apresentação do festival no Convento dos Capuchos, esta sexta-feira.

Neste sentido, as peças dão uso a várias linguagens artísticas para abordar diferentes temáticas. A 4 de Julho, o festival arranca com Terminal (O Estado do Mundo), na Escola D. António da Costa. Encenada por Miguel Fragata, a partir do texto de Inês Barahona, a peça reflecte acerca do planeta e a nossa relação com ele, à luz dos desafios impostos pelas alterações climáticas, ao questionar “quais são as saídas possíveis de um lugar onde nós não podemos permanecer, de um lugar de onde temos de sair, e de onde temos de continuar”, adiantou Fragata.

No Teatro Municipal Joaquim Benite, entre 5 e 17 de Julho, a Companhia de Teatro de Almada apresenta Além da dor. Com base no texto de Alexander Zeldin, Rodrigo Francisco dá a conhecer quatro trabalhadores que vivem num universo de relações humanas e laborais precárias e equívocas. Em Fonte da Raiva, Cucha Carvalheiro revisita as memórias de infância, dos tempos em que passava os seus Verões na aldeia do pai, perto de Viseu, enquadrando-as à luz da visão que ganhou na vida adulta, ao mesmo tempo que retoma questões de género e de descolonização. Pode ser vista nos dias 5 e 6 de Julho também no teatro municipal. No Incrível Almadense, de 13 a 16 de Julho, Entrelinhas, de Tiago Rodrigues, faz subir ao palco Tónan Quito, que protagoniza uma peça que mistura o texto de Sófocles com as cartas de um preso para a sua mãe, escritas nas entrelinhas de uma edição da tragédia grega.

No que toca às propostas internacionais, chega-nos Manuela Rey Is In Da House, com dramaturgia e encenação de Fran Nuñez. A produção galega presta uma homenagem a Manuela Lopes Rey, em que se imagina uma iniciativa para recuperar a casa natal da actriz. É apresentada na Escola D. António da Costa, no dia 14. No Teatro Municipal Joaquim Benite, a 13 e 14, Crisi di nervi, tre atti unici di Anton Cechov (Crises de nervos, três actos únicos de Anton Tchecov) é encenada por Peter Stein e debruça-se sobre os ensaios dramáticos juvenis de Tchecov. Ainda de Itália, La tempesta (A tempestade), da Companhia Carlo Colla, revisita o texto de Shakespeare, mas com marionetas. É apresentada no Fórum Municipal Romeu Correia, nos dias 6 e 7.

Entre as produções francesas, destaca-se Et maintenant, Miss Knife es en couple… (E agora, Miss Knife tem um par…), um espectáculo de Olivier Py, em que o próprio canta temas que viajam entre o cabaret, music-hall e recital. Pode ser visto no dia 8, na Escola D. António da Costa. Ainda lá, a 10 de Julho, Black Lights, com texto e coreografia de Mathilde Monnier, baseia-se na violência que as mulheres sofrem diariamente nas mais diversas situações. A actriz portuguesa Isabel Abreu é uma das intérpretes. Já a 12, Full Moon é um espectáculo de dança assinado por Josef Nadj.

Este ano, o Espectáculo de Honra do festival, produção votada para regressar na edição seguinte, é Jogging. A criação libanesa, com texto e interpretação de Hanana Hajj Ali e encenação de Éric Deniaud, apresenta-se como uma peça-monólogo acerca de uma mulher que faz jogging em Beirute, como forma de terapia, mas também como forma de sobrevivência. É mostrada na Incrível Almandense, de 5 a 7 de Julho.

A programação também é feita de música, que vai tocar todos os dias na esplanada da Escola D. António da Costa. Destaque para os concertos de Cante alentejano (4 de Julho), o tributo a Zeca Afonso (8 de Julho), Suzie and the boys (13 de Julho), Seiva (13 de Julho) e Bairro do grito (16 de Julho). A entrada é livre.

Vários locais (Almada). 4-18 Jul. Vários horários. 13€-90€

 

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