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MUSIC-HALL
Texto de Jean-Luc Lagarce | Encenação de Rogério de Carvalho
COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA
Em cena, deparamo-nos com uma cantora de music-hall em decadência. Ladeada pelos seus dois acólitos e validos, os seus dois Boys, eis-nos perante uma Rapariga que nos revela as suas desventuras cénicas. Conta-nos a sua história, a um tempo divertida e patética, que não é mais que o percurso de uma por assim-dizer vedeta que, na verdade, toda a vida só actuou em salas de segunda ordem. Torna-se, por isso, praticamente inevitável identificarmo-nos com esta artista claudicante que, apesar das dificuldades técnicas e da falta de público, nunca abdica dos seus ensejos de criação e da sua vontade de representar.
Nas várias peças de teatro que escreveu, o francês Jean-Luc Lagarce (1957-1995) preocupou-se sobretudo com as questões da frase em si, do tempo e da montagem-colagem. Nos seus textos nunca nada está completamente fechado. Nunca há uma verdade que se imponha. As suas frases emanam um encantamento doce, feito de aparentes redundâncias e de uma temporalidade quase imóvel. Este “quase” diz respeito à sua subtileza na abordagem dos temas, própria de uma fineza de espírito, que lhe agudiza os sentimentos. Através da utilização de uma língua que vigia sem cessar, o autor diz o máximo com o mínimo de efeitos. No que toca ao tratamento do tempo, Lagarce começa por escrever sobretudo para um futuro próximo. Mas, pouco a pouco, vai-se voltando para o presente — o que lhe foi cada vez mais difícil, a partir do momento em que foi atingido pela sida, aos trinta anos de idade. Só no período final da vida começou a escrever sobre o passado. Estão editadas em português peças suas como As regras da arte de bem viver na sociedade moderna, Estava em casa e esperava que a chuva viesse, Music- Hall, História de amor (últimos capítulos), Últimos remorsos antes do esquecimento, e Tão só o fim do Mundo.
07 e 08 DEZEMBRO, 2023 | Teatro do Bairro – Lisboa
Elenco Teresa Gafeira, João Farraia e Pedro Walter
Tradução Alexandra Moreira da Silva
Cenografia José Manuel Castanheira
Figurinos Bárbara Felicidade
Luz Guilherme Frazão
Som André Oliveira
Movimento Cláudia Nóvoa
Voz e elocução Luís Madureira
Caracterização Márcia Vale
Assistentes de encenação Marco Trindade e Nicole Alves
Direcção de montagem Guilherme Frazão
Montagem André Oliveira, Bento da Silva, Carlos Janeiro, Daniel Polho, Paulo Horta e Tiago Fernandes
Operação de som e luz André Oliveira