O problema não é só o racismo o problema é económico

Na última Conversa discutiu-se Fassbinder: ecos e legados com a directora do Festival de Cinema e literatura do Algarve, Débora Pinho Mateus, e com o realizador Edgar Pêra.

Falou-se muito de teatro e de cinema nesta Conversa. Débora Mateus disse-nos que o realizador “Fassbinder tinha a visão de escavar, escavar, escavar, e levar o cinema para o teatro e o teatro para o cinema”.

Edgar Pêra por seu lado referiu “A liberdade do teatro, o espectador de teatro é muito mais livre do que o espectador de cinema”. Continuou dizendo que “os filmes do Fassbinder são grandes momentos de teatro”. “Neste filme [O medo come a alma] somos testemunhas como quando estamos no teatro, o que o Fassbinder traz para o cinema são os defeitos: as pessoas” Débora Mateus acentuou “Ele não transforma os seus personagens em símbolos de nada”.

Rogério de Carvalho, encenador do espectáculo O medo devora a alma, que deu origem as estas Conversas, e que também participou da discussão, a partir da plateia, explicou o seu processo de trabalho e as escolhas que fez na montagem deste espectáculo. Concluiu: “O problema não é só o racismo, o problema é económico”.

As Conversas com o Público continuam já no próximo sábado, dia 12, às 18h, no foyer do TMJB, com a professora e tradutora Gabriela Fragoso e com o crítico de cinema Jorge Leitão Ramos, que vão debater A Alemanha e Portugal: contextos. Manuel Halpern moderará esta Conversa.

Consulte aqui o programa completo deste ciclo de Conversas com o Público.

Gabriela Fragoso, Germanista e Professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi leitora de Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Colónia. É tradutora de textos literários e científicos de língua alemã. Tem participado regularmente em missões de ensino no âmbito do programa ERASMUS. É investigadora, desde 2007, do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura sediado na Universidade Católica, em Lisboa.

 

Jorge Leitão Ramos é Licenciado em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Foi professor do Ensino Secundário. Começou a escrever profissionalmente sobre cinema, em 1975, passou pelo “Expresso”, “Jornal Novo”, “Se7e”, “Diário de Lisboa”. Regressou ao Expresso em 1988, onde se mantém. Também fez rádio e televisão. Escreveu vários livros sobre cinema português e espera escrever mais.

 

in CTA 06 Nov 2022