LE CRI + SUR LE FIL

Um programa com duas peças fundamentais de Nacera Belaza: Le cri, de 2008, e Sur le fil, de 2016. A coreógrafa nasceu em Medea, na Argélia, e vive em França desde os cinco anos. Estudou literatura, entrou na dança como autodidacta e, em 1989, criou uma companhia em nome próprio. Através das suas criações expressa a complexidade da sua dupla pertença cultural. Foi distinguida diversas vezes, tendo recebido do Ministério da Cultura francês o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras e o Prémio de Coreógrafo da Sociedade dos Autores e Compositores Dramáticos.

As peças de Nacera Belaza percorrem um caminho incansável, uma espécie de movimento que vai do íntimo à superfície, até ao desaparecimento. “Mas talvez em Le cri isso não aconteça”, explica Belaza. Talvez esta peça “não vá mais longe, atém-se neste lugar, contém o grito e termina com ele… Através desta peça, o meu propósito artístico não se expande, concentra-se no seu ponto de origem. Esta peça escava dentro de nós, resistindo na verticalidade. O grito é quando a âncora não cede”. Le cri recebeu em 2008 o Prémio de Melhor Coreografia do Sindicato da Crítica de Dança Francesa.

Já Sur le fil foi a abertura do Festival Montpellier Danse em 2016. Persistindo numa lógica de introspecção pessoal que leva ao encontro do outro, Sur le fil, mais do que um espectáculo, é um ritual que é, simultaneamente, experiência hipnótica e exercício espiritual. Os espectadores, tal como as intérpretes, estarão num limbo, num fio que representa o caminho entre o equilíbrio e o deixar cair, abandono e elevação da consciência de forma a que a mente e o corpo cedam e não representem um obstáculo.

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04 MARÇO, 2022 | SALA PRINCIPAL

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