Perspectivas da condição humana

Da Grécia Antiga de Eurípides à globalização, mais de dois milénios de civilização desfilam no Festival de Almada, que arranca esta sexta-feira, 2 de julho, e inclui um solo de Monica Bellucci. Por Rita Bertrand

in Sábado, 01 Julho 2021

Á CUSTA da Covid 19, o Festival de Almada reinventou se em 2020: mais dias, menos gente por sessão, quase só produções portuguesas. Em 2021 volta a prolongar se no tempo é de 2 a 25 de julho e não de 4 a 18 como antiga mente . mas recupera a sua dimensão internacional.

A celebração dos 50 anos da Companhia Teatral de Alma da, que o organiza há 38, marca a programação, com uma exposição, um ciclo de conversas e um par de estreias, com destaque para o clássico da tragédia grega Hipólito, dirigido por Rogério de Carvalho, que já em 2006 en cenou para o grupo de Racine do mesmo mito, em Fedra.

A vedeta italiana Monica Bellucci em monólogo sobre a vida de Maria Callas (nos dias 10e 11 de julho), o solo do brasileiro Chico Diaz. A Lua Vem da Áslci, com a loucura a dar o tom (de 14 a 18), adaptações de duas obras do escritor sensação francês Édouard Louis (incluindo a sua auto biográfica História da Violén cia, que põe a nu o poder esmagador do preconceito contra a homossexualidade e os imigrantes, de 2a 5), a ceie bração da amizade do drama lurgo Eduardo De Filippo com Pier Paolo Pasolini, Amitié (de 2 a 7)e três grandes espetáculos de dança contemporânea (dois da Companhia Nacional de Bailado, outro do aclama do coreógrafo sérvio Josef Nadj, de 9 a 11) são momentos a não perder.

Em sete salas, nenhuma delas a histórica bancada da Escola D. António da Costa, porque a pandemia não o permite, duas delas em Lisboa CCB e Teatro D. Maria 11 – e as restantes em Almada, desfilam, ao todo, 21 espetáculos de sete países, que, segundo Rodrigo Francisco, diretor do festival (sucedendo ao fundador, Joaquim Benite, já falecido), atravessam “quase dois milénios e meio”, abordando, nos textos clássicos, “o orgulho, a culpa, a honra, a corrupcão, a condição humana” e, nos contemporâneos, “a violência, o feminismo, a herança colonial e a globalização”.

Fala-se de assuntos importantes, pois. O próprio Rodrigo Francisco assina Um Gcijo Nunca Mais é a Mesma Coisa. que parte de histórias reais de ex combatentes da Guerra Colonial, um tema que está também em Corpo Suspenso, de Patrícia Couveiro e Rita Neves. Já Tierras del Suei viaja à Patagónia para relevar novas (e bárbaras) formas de colonialismo e Aurora Negra, um êxito do Teatro D. Maria II, denuncia, numa perspetiva feminista, musical e bem humorada, o racismo estrutural da civilização ocidental.

Ao todo, o Festival de Almada vai apresentar 21 espetáculos de sete países que, segundo Rodrigo Francisco, diretor do evento, atravessam quasedois milénios e meio.

A apresentação de Omma, de Josef Nadj, é um dos momentos altos do festival

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