“O Futuro Já Era”: Companhia de Teatro de Almada estreia nova criação

De 1 a 24 de março, “O futuro já era” traz ao Teatro de Almada um “manifesto de fúria, fuga e revolta individual” com música do rapper Chullage

Mariana Vaz de Almeida in Almadense 21 Fevereiro 2024 | notícia online

“O futuro já era”, com texto de Sibylle Berg, encenação de Peter Kleinert e música do rapper almadense Chullage, vai estar em cena no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) de 1 a 24 de março. A peça “consiste num manifesto de fúria, fuga e revolta individual”, indica a Companhia de Teatro de Almada (CTA) na sua página.

Esta é uma encenação “cheia de música”, como indica Peter Kleinert no vídeo promocional da peça, que nasce da parceria improvável entre o encenador alemão, colaborador de longa data da CTA, e o rapper almadense Chullage, considerado pelo jornal Público um dos artistas mais promissores de 2023. “É como se o que George Orwell previu tivesse acontecido e nós tivessemos contribuído alegremente para isso”, assinalou Rodrigo Francisco, diretor da CTA, na apresentação do programa para 2024.

Para Peter Kleinert, “O futuro já era” permite antever “onde este caminho vai dar: a um futuro que temos de combater”. Como indicam as palavras do encenador no vídeo publicado pela CTA, esta é uma produção de ritmo rápido com uma mensagem para as novas gerações: “quero que o público tenha 90 minutos de diversão política”, assinala o encenador, que se diz “pessimista” quanto ao futuro.

Nesta história, são exploradas as realidades de quatro jovens criados em agregados familiares instáveis, numa das regiões mais degradadas de Inglaterra: o noroeste desindustrializado. Rochdale é uma cidade sem esperança, em que a pobreza, a violência e o abuso fazem parte da vida quotidiana. Para o rapper Chullage, este é um texto que tem “tudo a ver com Portugal, onde o tecido económico vai mudando e há uma vontade de ascensão da extrema direita”, indica no vídeo promocional da CTA.

Através da música, conta-se a realidade de Don, Peter, Karen e Hannah, “que têm em comum o ódio à realidade em que vivem, o amor pelo «Grime» (o estilo musical que substituiu o «punk» como música dos revoltados e marginalizados), e a determinação em vingarem-se dos responsáveis pela sua miséria”, indica a CTA. Procuram esta vingança em Londres, onde se deparam com grupos de conservadores, teóricos da conspiração, programadores, corretores da bolsa ou algoritmos, que juntos formam o futuro já não tão distante que se antevê.

“O futuro já era” baseia-se no romance “GRM – Brainfuck”, de Sibylle Berg, uma das mais renomadas escritoras suíças da actualidade, que venceu o Prémio para Melhor Livro Suíço 2019 e o Grand Prix de Literature em 2020. A peça conta com interpretação de Cecília Borges, Chullage, Diana Linguiça, Diogo Bach, Erica Rodrigues, Inês Saramago e Jacinta Correia.

De 1 a 24 de março, “O futuro já era” está em cena de quinta-feira a sábado, às 21h, e quarta-feira e domingo às 16h. Os bilhetes têm o valor de 13 euros, com entrada gratuita para os membros do Clube de Amigos e desconto de 50% para jovens, seniores e grupos. Podem ser adquiridos online ou na bilheteira do TMJB. Em breve, serão ainda anunciadas as “Conversas com o público” nos dias 2, 9, 16 e 23 de março.

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